O deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou sua renúncia à presidência da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (7).

Ele começou uma entrevista coletiva às 13h30 lendo sua carta de renúncia, em que disse: “Somente a minha renúncia poderá pôr fim a esta instabilidade sem prazo.”

Ao agradecer a Deus e a aliados, Cunha ficou com a voz embargada e chorou ao falar de envolvimento de sua família nas acusações de corrupção. “Tenho a consciência tranquila de minha inocência”.

Cunha culpou o processo de impeachment por seu afastamento da Câmara. “Estou pagando um alto preço pro ter dado início ao impeachment.” “A principal causa do meu afastamento reside nesse processo de impeachment”. “Em decorrência de minhas posições, venho sofrendo pressão na CPI”.

Ele disse que comprovará sua inocência nos inquéritos. “Reafirmo que não recebi qualquer vantagem indevida de quem quer que seja”.

Leia a íntegra da carta de renúncia de Cunha:

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O que acontece agora

Eduardo Cunha chegou no início da tarde pela chapelaria da Câmara, passou na Secretaria-Geral da Mesa e marcou a entrevista à imprensa no Salão Nobre da Casa, apesar de ter sido autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a circular na Câmara apenas para se defender do processo de cassação no Conselho de Ética ou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Com a decisão de Cunha de deixar a vaga, a Câmara terá que convocar novas eleições no prazo de até cinco sessões plenárias – deliberativas ou de debates com o mínimo de 51 deputados presentes – para uma espécie de mandato-tampão, ou seja, para um nome que comandará a Casa até fevereiro do próximo ano quando um novo presidente será eleito.

Com a renúncia, pode se encerrar o impasse sobre a permanência de Waldir Maranhão (PP-MA) no comando da Câmara. Maranhão assumiu o cargo desde que Cunha foi afastado da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O descontentamento dos deputados com a condução de Maranhão provocou, inclusive, um acordo informal para que ele não presida as sessões de votações. Todas as vezes em que Waldir Maranhão tentou quebrar este acerto, os parlamentares se recusaram a discutir e votar matérias importantes até que ele deixasse a Mesa do Plenário, que estava sendo revezada com o primeiro-secretário, Beto Mansur (PRB-SP) e o segundo vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara, deputado Fernando Giacobo (PR-PR) – possíveis candidatos à vaga provisória da presidência.

Manobra

Com a renúncia à presidência da Câmara, Cunha acredita que pode tentar reverter votos na CCJ para fazer o caso voltar ao Conselho de Ética e, quem sabe, salvar seu mandato.

Cunha quer um acordo dos líderes para antecipar eleição da Câmara para o início da próxima semana. O nome pelo qual ele tem predileção para ocupar o mandato tampão pelos próximos meses é do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), mas há pelo menos 12 candidatos informais na Casa para disputar o pleito.

Os boatos de que Cunha vai renunciar ainda hoje já fizeram com que deputados da Casa começassem a se movimentar. No PRB, por volta de 12h já ocorria uma reunião para articular um candidato à eleição do mandato tampão.

A decisão de enfim deixar o cargo em definitivo ocorreu em reunião na noite de quarta (6), após a divulgação do voto de Ronaldo Fonseca (Pros-DF) na Comissão de Constituição e Justiça, que acatou apenas um dos 16 questionamentos de Cunha à tramitação de seu processo no Conselho de Ética, que recomendou a cassação de seu mandato.

Cunha havia negado que ia renunciar

Em vários outros momentos, o deputado Eduardo Cunha havia negado que iria renunciar ao cargo.

No dia 21 de junho deste ano, por exemplo, o deputado classificou como “boataria”a tese de que ele renunciaria à Presidência da Câmara. Ele agosto de 2015, ele disse: “Renúncia não faz parte do meu vocabulário”. (Agencia Brasil/WordPress)

 

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