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A divulgação de uma carta ao país e aos senadores que vão julgá-la a partir do dia 25 é um movimento correto da presidente afastada, Dilma Rousseff. Mas é uma ação que chega tarde para ter efeito político a fim de evitar o impeachment.

Em linhas gerais e se não mudar de ideia mais uma vez, a petista deverá divulgar a carta hoje, repetindo que é vítima de um golpe e manifestando apoio à ideia de um plebiscito para tentar antecipar a eleição presidencial de 2018.

Dilma foi aconselhada por auxiliares a propor a antecipação da eleição presidencial semanas antes da votação de 17 de abril, na Câmara, quando os deputados aprovaram o pedido de impeachment. Se confirmar essa proposta hoje, será uma demora de quase cinco meses para agir.

Nesse tempo, Michel Temer se reuniu com diversos senadores e angariou apoio para aprovar o impedimento. Bastava à petista, tanto na Câmara como no Senado, obter o suporte de apenas um terço dos parlamentares para barrar o impeachment. Mas ocorreu uma desidratação do apoio político a Dilma, enquanto cresceu o empenho do empresariado e do mercado financeiro para viabilizar a ascensão de Temer.

Falar em golpe é importante para a defesa da biografia da presidente. Faz sentido apontar o risco para futuros presidentes do uso do impeachment como um instrumento do sistema parlamentarista de governo. A História fará um julgamento duro sobre esse episódio.

No entanto, a carta de Dilma não deverá mudar votos na decisão final dos senadores. Mais uma vez, ela age com atraso. Faz o que quer e na hora que quer, dando poucos ouvidos ao PT e ao ex-presidente Lula. Incapaz de articular uma reação política efetiva nos últimos meses, demonstrando a mesma inabilidade que teve no período em que governou, Dilma facilitou o fortalecimento de Temer e a transformação da perda do poder num fato consumado.

Dilma nunca soube ser presidente.

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