Um discurso crítico do rapper Mano Brown marcou um ato de campanha de Fernando Haddad (PT) no Rio de Janeiro, nessa terça-feira, 23. O cantor e compositor criticou o clima de festa e de otimismo do evento, que clamava por uma virada sobre  Jair Bolsonaro (PSL) e culpou a falha de comunicação do PT com os eleitores das classes populares pela eleição do militar, que considera definida.
“Se não está conseguindo falar a língua do povo, vai perder mesmo. Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil. Tem uma multidão que não está aqui que precisa ser conquistada”, disse o rapper, que ouviu algumas vaias. De acordo com a organização, 70 mil pessoas estavam presentes na praça abaixo dos Arcos da Lapa. “Não gosto do clima de festa. O que mata a gente é a cegueira e o fanatismo. Se somos o partido dos trabalhadores, temos que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta para a base e vai procurar saber.”
Ao discursar no encerramento do ato, Haddad disse que respeitava e entendia o que disse Brown. “O que ele disse é sério”, afirmou o candidato do PT, defendendo que é preciso “dar razão” às pessoas que estão votando em Bolsonaro não porque confiam nele, mas porque “estão desesperadas”. “Tem irmãos e irmãs nossos que estão na periferia revoltados com tudo que está acontecendo e com razão. Temos que, nesta semana, abraçar essas pessoas, que sempre estiveram conosco”, afirmou Haddad.
Presente no evento, o músico Caetano Veloso também comentou a fala de Brown. “Eu acho que a fala de Mano Brown é muito importante porque traz a complexidade do nosso momento. A mera festa pode parecer que temos uma mensagem simples a passar.”
Haddad disse sentir, “desde ontem (segunda-feira)”, um clima de “virada” no ar, defendeu que se “abrace” o eleitor de baixa renda que sempre votou no PT para conquistar votos na última semana e voltou a atacar o adversário Jair Bolsonaro (PSL).
“Vamos ganhar a eleição. Não tenho dúvida”, afirmou Haddad, logo no início do discurso. “Bolsonaro disse em discurso transmitido na Avenida Paulista no domingo (passado) que, depois das eleições, eu teria dois destinos: a prisão ou o exílio. Resolvi derrotar Jair Bolsonaro no (próximo) domingo”, disse o petista.
Haddad também criticou Bolsonaro, o que chamou de discurso de ódio e violência do candidato adversário e sua recusa a participar de debates. Numa referência à entrevista com Bolsonaro transmitida nesta terça-feira, 23, pela afiliada do SBT no Piauí, em que Bolsonaro disse que era preciso acabar com o “coitadismo” das minorias, Haddad subiu o tom. (Estadão Conteúdo)

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