Durante a campanha presidencial de 2018, quem visitava a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, ficava surpreso com a organização de um grupo pró-Bolsonaro, que se reunia em um imóvel de 3,5 mil metros quadrados na principal artéria da Pampulha.
No local eram distribuídos camisetas e adesivos de “Bolsonaro Presidente” para carros e motos, além de a fachada do prédio trazer uma faixa com o slogan da campanha e o número do candidato do PSL.
Tudo isso seria normal, se não fosse o fato de o imóvel não ter sido registrado junto à Justiça Eleitoral nem pela campanha de Bolsonaro nem pela dos aliados, o que contraria a legislação nacional.
Um documento da Prefeitura mostra que o espaço pertence a uma concessionária de veículos, a Brasvel, e um dos donos, Eduardo Brasil, disse à Folha de S. Paulo que o imóvel foi “cedido” a um grupo de bolsonaristas. Desde 2015 as doações de empresas para campanhas eleitorais são proibidas.
O QG funcionou por 51 dias, de setembro a outubro do ano passado, sendo que o aluguel mensal custa R$ 95 mil mais IPTU de R$ 3 mil. O período, então, totaliza um valor não declarado de cerca de R$ 166 mil.
O atual presidente afirmou, quando foi eleito, que os gastos dele com a campanha não passaram de R$ 2 milhões. Desta forma, só o valor não declarado do imóvel da capital mineira representa mais de 8% de todo o gasto oficial da campanha de Bolsonaro.
Questionado, o Palácio do Planalto afirmou que a demanda deveria ser “dirigida ao comitê do PSL”. Já a advogada da campanha de Jair Bolsonaro, Karina Kufa, declarou que “o presidente da República e a equipe que cuidou da prestação de contas de campanha, do escritório Kufa Advocacia, jamais souberam desse suposto comitê”.
“A campanha presidencial somente utilizou um espaço físico em Brasília/DF, declarado na prestação de contas. Distribuição de material de campanha, com dobrada de outros candidatos, é de responsabilidade daquele que a confeccionou e pagou”, concluiu.

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