A equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) responsável pela pesquisa da vacina Calixcoca, solução terapêutica contra a dependência de cocaína e crack, conquistou a premiação de 500 mil euros (cerca de R$ 2,6 milhões) na segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde. O prêmio é organizado pela multinacional farmacêutica Eurofarma, que atua em mais de 20 países.

A cerimônia de entrega foi realizada na noite de quarta-feira (18/10), em São Paulo. O coordenador da pesquisa, professor Frederico Garcia, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, agradeceu à sociedade brasileira que apoiou a campanha. “Desenvolver ciência na América Latina não é fácil. A UFMG é, hoje, uma universidade que está fazendo a diferença. Só temos a agradecer o apoio da nossa reitora, Sandra Regina Goulart Almeida, e do nosso pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis”, celebrou.

Mais votada por médicos de 17 países, a Calixcoca superou outras 11 iniciativas inovadoras no campo da saúde desenvolvidas na América Latina, entre elas a SpiN-Tec, vacina contra a Covid-19 (também da UFMG), e o fitoterápico para tratamento da diabetes mellitus e obesidade, desenvolvido na Universidade de Uberaba (Uniube). Ambos foram agraciados com 50 mil euros por terem ficado entre os finalistas.

Todas as três pesquisas receberam apoio do Governo de Minas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), para o seu desenvolvimento.A vacina também conta com financiamento do Governo Federal e com verbas de emendas parlamentares.

A vacina

Uma das inovações da vacina é a utilização de uma molécula sintética como plataforma. De acordo com Garcia, as vacinas convencionais normalmente utilizam plataforma proteica, que pode ser uma proteína de vírus ou bactéria. “A gente dá um passo importante ao usar uma molécula totalmente sintética para fazer uma plataforma vacinal. Existem vantagens: você controla todo ciclo de produção de maneira mais simples; tem um custo menor do que as vacinas proteicas; não precisa de cadeia fria para transporte e nem de refrigeração para a estocagem”, destaca.

Segundo o pesquisador, outra vantagem, quando comparada à vacina anticocaína em desenvolvimento nos Estados Unidos, é que o resultado obtido pela equipe é melhor do ponto de vista da quantidade de anticorpos produzidos, o que, acredita-se, vá se manter em humanos também. Garcia salienta, ainda, a comprovação, pelos estudos pré-clínicos, da segurança e da eficácia do imunizante. “A vacina é uma solução que propicia aos pacientes com dependência voltar a realizar seus sonhos. O próximo passo é iniciar os estudos com humanos”, diz.

Além de Frederico Garcia, os estudos reúnem os professores Maila de Castro, da Faculdade de Medicina, Gisele Goulart, da Faculdade de Farmácia,  ngelo de Fátima, do Instituto de Ciências Exatas, e os pesquisadores Paulo Sérgio de Almeida, Raissa Pereira, Sordaini Caligiorne, Brian Sabato, Bruna Assis, Larissa do Espírito Santo e Karine Reis, vinculados ao Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (NAVeS). (Com Agência Minas)

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