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Com uma combinação de receita maior, provisão contra calote menor e despesa sob controle, o Banco do Brasil conseguiu praticamente dobrar seu lucro líquido no primeiro trimestre do ano. O resultado, porém, veio acompanhado de inadimplência elevada.

Excluindo ganhos e gastos extraordinários, o BB lucrou R$ 2,515 bilhões nos três primeiros meses do ano, alta de 95,6% ante o primeiro trimestre de 2016 e de 43,9% em relação ao trimestre anterior.

Quando esses itens extraordinários são colocados na conta, o lucro banco tem desempenho menos expressivo na comparação com o primeiro trimestre de 2016 —alta de 3,6%, para R$ 2,443 bilhões. Mas sobe 153,6% na base trimestral.

Na conferência para divulgar os resultados, o presidente do banco, Paulo Caffarelli, disse que ganhos com tarifas de conta-corrente (11,3% em um ano) e com a administração de fundos de investimento (29,3%) foram os principais responsáveis pela alta de 12,3% da receita na comparação anual.

A estratégia digital do banco também é citada como fator que contribuiu para o aumento do ganho do BB no trimestre. O número de clientes digitais do segmento alta renda passou de 1,3 milhão nos três meses encerrados em dezembro para 1,7 milhão no trimestre que terminou em março.

Do lado das despesas, o BB adotou estratégia de enxugamento do quadro de pessoal —o programa de demissão voluntária teve adesão de 9.900 funcionários— e do número de agências —são atualmente 4.877 unidades, contra 5.428 no primeiro trimestre de 2016.

“Vimos uma melhora da rentabilidade e do lucro com aquilo que chamamos de nossa vocação, que é crédito e serviço. No trimestre, fizemos uma mudança na carteira de crédito para ter um mix de operações mais otimizadas”, diz o presidente do banco.

Crédito – Essa mudança na carteira se traduziu por uma ênfase em empréstimos com risco menor, como imobiliário, e uma redução da exposição a crédito de maior risco, como financiamento de veículos.

Ainda assim, a carteira de crédito do banco encolheu no primeiro trimestre, para R$ 688,689 bilhões. O número representa queda de 11,4% em relação ao mesmo trimestre de 2016 e recuo de 2,7% frente aos três meses anteriores.

No segmento pessoa física, o crédito imobiliário teve expansão de 10,9% na base anual. A linha de crédito pessoal atrelada ao salário cresceu 2,9%. Já o financiamento de veículos recuou 26,8% e foi a linha com maior queda percentual na base anual. A segunda maior retração se deu em empréstimo pessoal, com recuo de 23,2%.

Atualmente, 76% da carteira de crédito para pessoa física do BB é composta por empréstimos de menor risco. Incluindo todos os créditos, a concentração maior do banco está em crédito consignado, com 36,3%.

“A retomada do crédito vai acompanhar a recuperação da economia. Vamos entrar em um período de estabilidade da carteira, e devemos ter crescimento de empréstimos no segundo semestre”, afirmou Caffarelli.

No segmento pessoa jurídica, o banco decidiu priorizar no primeiro trimestre operações com garantia de recebíveis. Ainda assim, as linhas para empresas tiveram queda de 16,7% em relação aos três primeiros meses de 2016 e de 4,2% em relação ao trimestre encerrado em dezembro.

Calote – Assim como seus pares privados, o Banco do Brasil reduziu a provisão para créditos duvidosos. O valor recuou de R$ 9,145 bilhões no primeiro trimestre de 2016 para R$ 6,713 bilhões nos três meses até março, uma queda de 26,6%. Em relação ao quarto trimestre, o recuo foi de 10,3%.

No entanto, a inadimplência cresceu no primeiro trimestre. O índice de atrasos acima de 90 dias atingiu 3,89%, ante 2,59% no trimestre encerrado em março de 2016. No fim do ano passado, o índice era de 3,29%.

“Se tirarmos um caso específico de empresa de telecomunicações que pediu recuperação judicial, ficaríamos abaixo da indústria. É uma questão pontual e não reflexo na carteira toda”, afirmou Alberto Monteiro, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do BB.

Embora não tenha sido citada, fontes do mercado indicam que a empresa seria a Oi, que entrou com pedido de recuperação judicial em junho do ano passado. Sem essa empresa, a inadimplência teria sido de 3,47% no primeiro trimestre, indica o banco. (Por Danielle Brant/Folha)

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