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O brasileiro é sempre lembrado, popularmente, como sendo portador de uma espécie de “síndrome da memória curta”. Talvez tenha sentido. Passaram-se apenas três anos e ninguém fala que a deterioração do império do ex-bilionário Eike Batista começou pelo Maranhão, em 31 de outubro de 2013. Foi a data em que a petroleira OGX entrou com pedido de recuperação judicial, em acordo para vender a fatia que possuía no Maranhão – um braço da companhia, ainda considerado confiável, que explorava gás na Bacia do Parnaíba, em Capinzal no Norte, Região dos Cocais.

Em 2012, porém, Eike Batista já percorria os corredores do Palácio dos Leões, carregado de pastas, mapas e planilhas, para encontros com o então governador Jackson Lago, a quem mostrava, com incontido entusiasmo, as pesquisas que possuía, as quais apontavam a Região dos Cocais maranhenses forrada por uma imensa bacia de gás natural. Era o começo do que seria uma nova era mineral para o estado tão necessitado desse tipo de empreendimentos e empreendedores. Afinal, ele era o homem mais rico do Brasil, que prometeu chegar a 2015 como o mais bilionário do Planeta.

Maior reserva do mundo

Porém, antes do tombo, em fevereiro de 2013, o grupo OGX anunciou a descoberta de mais uma reserva de gás natural no município de Trizidela do Vale. O site especializado Castro Digital falava em “informações preliminares”, que dimensionavam a reserva de Capinzal do Norte e vários municípios do Vale do Mearim, estimada em15 trilhões de metros cúbicos (metade do que a Bolívia exporta diariamente ao Brasil). “O Maranhão apresenta potencial para ser um dos maiores produtores de gás no mundo. Diante dessa projeção, a OGX intensificou os investimentos na região, com perspectiva de encontrar, também, petróleo”, dizia o site.

Com a venda da OGX Maranhão, a nova empresa ganhou o nome de Parnaíba Gás Natural, hoje, um vigoroso processo de expansão para 22 poços até Lima Campos. Naquele período, a OGX comunicou o “fato relevante” à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O braço da OGX no Maranhão era a MPX, adquirida pela empresa Eneva, controlada pelo grupo alemãoE.ON, e a Cambuhy Investimentos. Preço: R$ 200 milhões, cujo objetivo de Eike Batista era levantar dinheiro na tentativa de salvar a petroleira.

Em nota divulgada naquela data, as adquirentes informaram que a companhia e a Cambuhy celebraram um acordo de compra de ações, por meio do qual a Cambuhy concordou em adquirir da companhia sua participação remanescente na OGX Maranhão por R$ 200 milhões, “sujeito a certos termos e condições que incluem, mas não se limitam à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e da Agência Nacional de Petróleo, além da aprovação dos credores”.

Nova fronteira de gás

A OGX detinha oito blocos exploratórios terrestres na Bacia do Parnaíba, por meio da subsidiária OGX Maranhão. Todos os blocos, com área total de 24.500km², eram operados pela companhia. “Esta é uma bacia de nova fronteira, onde a OGX realizou importantes descobertas de gás natural e a produção comercial iniciou em janeiro de 2013”, disse a OGX, em sua página na internet. Antes do fechamento do negócio, bancos credores da OGX Maranhão definiram a opção de venda de 66,7% da empresa para a Eneva, caso fosse necessária a execução de garantias dos empréstimos. Os campos de gás no Maranhão estavam, portanto, entre as últimas opções disponíveis a Eike para obter recursos que salvassem a endividada petroleira OGX. (Por Raimundo Borges/O imparcial)

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