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O protagonismo da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, na negociação da dívida do Rio de Janeiro e na crise dos presídios tem criado um desconforto tanto no governo Michel Temer como entre colegas dela do Judiciário. Assessores de Temer, por exemplo, destacam o perfil centralizador e de gestão executiva que a ministra tem adotado desde que assumiu o comando do Supremo, em setembro passado.

A presidente do STF tem evitado declarações públicas e entrevistas, optando por convocar reuniões com autoridades para tratar de assuntos de grande repercussão. Na última terça – em meio à crise no sistema prisional –, ela telefonou para o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, chamando-o para uma reunião em seu gabinete.

A pedido dela, o encontro também contou com a participação do diretor-geral da PF, Leandro Daiello. A conversa, não prevista na agenda, vazou pouco depois para a imprensa. A pessoas próximas, Cármen disse que convidou os dois para discutir o relatório do sistema penitenciário.

Recentemente, a ministra concedeu liminares impedindo o bloqueio de R$ 373 milhões das contas do governo do Rio em função de dívidas com o governo federal. A decisão irritou o ministro Henrique Meirelles (Fazenda), que viu no gesto um risco à política de ajuste fiscal. A atitude dela foi vista pela cúpula do Planalto como uma interferência numa questão de competência do governo federal. Para arrefecer os ânimos, Temer se reuniu com a ministra no último dia 7, na casa dela em Brasília.

Segundo assessores, ele teria sinalizado, com discrição, a necessidade de manter os limites entre os Poderes. Nas palavras de um aliado de Temer, o governo sempre a viu com desconfiança porque parte da opinião pública a considera uma alternativa caso o peemedebista perca o mandato no processo de cassação da chapa de 2014 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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