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Citado 43 vezes na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, o presidente Michel Temer (PMDB) está preocupado com os efeitos que a colaboração da empreiteira pode causar em seu governo. Temer pediu cautela a aliados para analisar os detalhes das denúncias que o levavam, junto com seus principais auxiliares, ao centro da Lava Jato. Segundo assessores do presidente, a ordem é “esperar a poeira baixar” antes de traçar prognósticos.

Primeiro de uma série de 77 termos de colaboração premiada firmados com o Ministério Público Federal, a delação de Melo Filho implicou a linha sucessória de Temer – o presidente da Câmara dos Deputados, primeiro na linha de sucessão, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é citado como um dos beneficiados pelos repasses da empreiteira. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) seria o segundo a suceder Temer, mas está fora após a decisão do Supremo Tribunal Federal de não afastá-lo do cargo de presidente do Senado, mas de deixá-lo fora da linha sucessória por ser réu. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, é, agora, a segunda na linha de sucessão.

Além disso, a delação também atingiu parlamentares que estão na disputa para cargos estratégicos dentro das duas Casas legislativas e até para o ingresso no núcleo duro do Planalto.

Aliados de Temer reconhecem que o momento é delicado, já que as denúncias envolvem o governo como um todo e, por isso, defendem, é preciso avaliar a extensão das delações para não tomar “decisões precipitadas”.

Segundo integrantes do Planalto, Temer é um político experiente e está tranquilo. Ele tem conversado com os assessores mais próximos, inclusive aqueles citados nas delações, mas quer evitar imprimir qualquer caráter de reunião emergencial a possíveis encontros.

O peemedebista voltou a Brasília de sua primeira viagem ao Nordeste como presidente na noite de sexta-feira, quando já era público que um ex-executivo da Odebrecht envolvia Temer e seus principais aliados na Lava Jato. Desde então, o presidente tem acompanhado os desdobramentos das denúncias.

Em nota oficial divulgada na sexta-feira, Temer afirmou repudiar “com veemência as falsas acusações”.
“As doações feitas pela Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente”, diz a nota.

Um interlocutor do presidente diz que o que saiu até agora são informações que já tinham vazado e ressaltou que é preciso aguardar se há coerência em todos os depoimentos que ainda estão por vir, já que 77 executivos da empreiteira firmaram acordo de delação premiada.

“A gente não conhece ainda o que virá depois”, afirmou, ressaltando que, “por enquanto, não há diagnóstico que confirme” as afirmações de Melo e que é preciso que os testemunhos sejam confirmados.

Lastro

Força. Melo Filho disse às autoridades da Lava Jato que o jantar ocorrido no Jaburu como forma de “opção simbólica” para dar “mais peso” ao pedido feito por Temer e seus aliados.

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