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O chamado pacote anticorrupção nasceu há um ano e meio. Os procuradores do Ministério Público listaram dez medidas que entendiam essenciais para apertar o cerco contra a corrupção e pediram apoio à população. Recolheram 2,4 milhões de assinaturas. O projeto chegou ao Congresso há oito meses. Passou por uma comissão da Câmara dos Deputados, onde foi depurado, com a exclusão de algumas medidas e, na madrugada de quarta-feira, precisou de poucas horas horas para ser desfigurado pelo voto dos parlamentares. Em vez de pacote anticorrupção, integrantes da base do governo e da oposição transformaram-no em uma maçaroca disforme que protege suspeitos de corrupção e amarra as mãos de quem quer pegá-los.

Pior do que o pacote aprovado, foi o momento escolhido para aprová-lo. Os deputados promoveram suas votações antipacote enquanto o país estava abalado com a tragédia que matou um time de futebol inteiro, a simpática, pequena e fulgurante Chapeconse, que voava para sua primeira glória internacional. Soou a milhares, talvez milhões de brasileiros, como uma provocação: esconderam-se atrás do biombo de uma tragédia para assaltar, mais uma vez, essa longa, dolorosa e antiga aspiração brasileira por uma vida pública correta e limpa. Reportagem de capa de VEJA desta semana detalha como se deu essa ação.

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