O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou uma série de transações atípicas em pelo menos oito concessionárias de veículos que, segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) seriam ligadas a Sérgio Cabral, preso na semana passada durante a Operação Calicute. Em um Relatório de Inteligência Financeira (RIF), o órgão enumera uma série de operações classificadas como suspeitas que totalizam mais de 101 milhões de reais. Dessa montanha de dinheiro, 10,9 milhões de reais, ou seja, 10%, foram depositados – entre os anos de 2007 e 2014 – na conta da empresa LRG Agropecuária (antiga Gralc Consultoria), registrada em nome de Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, conhecido como Piuzinho, que segundo os procuradores é o contador do ex-governador.

O valor representa a maior fatia do faturamento de 13,9 milhões da LRG/Gralc ao longo dos anos. De acordo com o MPF, as oito concessionárias de veículos que têm relações estreitas com o PMDB pertencem à mesma família: Eurobarra Rio Ltda.; Dirija Niterói Distribuidora de Veículos Ltda.; Barrafor Veículos Ltda.; Disbarra Distribuidora Barra de Veículos Ltda; Americas Barra Rio Ltda.; Klahn Motors Distribuidora de Veículos Ltda.; Space Distribuidora de Veículos S/A. e Carcom Promotora de Negócios Ltda. “Através da presente investigação não foi, portanto, evidenciada qualquer prestação de serviço efetiva por parte da empresa Gralc Consultoria às empresas”, descrevem os procuradores no pedido de prisão do grupo.

A investigação revela que as empresas, com um investimento quase nulo, faturaram alto justamente durante o governo Cabral, mesmo praticamente sem ter funcionários contratados. Entre 2007 e 2010 (período do primeiro mandato como governador e, curiosamente quando a empresa foi criada) havia um empregado. Depois, entre 2011 e 2014 não havia mais ninguém trabalhando para a Gralc, que além de Carlos Miranda tem como Sônia Ferreira Batista, ex-assessora de Cabral.

Desse montante de mais de 101 milhões de ‘transações suspeitas’, o Coaf descreve em seu RIF-23764 que parte da operação era feita em contas bancárias das próprias empresas e outra parte em contas de terceiros. A Dirija Niterói Distribuidora de Veículos Ltda., apontam os auditores, tem 43 milhões em movimentações atípicas, enquanto a Americas Barra Rio Ltda. registrou 17,3 milhões nessas condições. Esta última, por exemplo, depositou mais de 1,6 na conta da LRG/Glarc e, segundo o MPF, não há comprovante de serviços prestados. (Por Leslie Leitão e Luisa Bustamante)

Siga nossa página no Facebook, Redação do Diário: [email protected] ou WhatsApp pelo telefone (98) 99137 8382

Leave A Reply