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Diante da confusão instalada no plenário e para ganhar tempo para chegar a um consenso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu adiar a votação do pacote das medidas contra a corrupção para a próxima semana.

Maia afirmou que vai continuar se reunindo com líderes da Casa para estudar o texto até a próxima terça-feira (29), e que, somente depois disso, a matéria seria levada novamente ao plenário.

Ao anunciar a decisão, nesta quinta-feira (24), ele mandou recados ao Ministério Público Federal e disse que os deputados têm independência para aprovar ou rejeitar qualquer texto. “Ninguém pode se sentir ofendido por uma decisão onde o plenário da Câmara é soberano”, disse.

Ele também afirmou que não haverá anistia à prática de caixa 2 e que isso é algo que tem sido usado para denegrir a imagem do Congresso. “Vamos acabar com essa história de anistia, não é anistia de um crime que não existe. Isso é um jogo de palavras para desmoralizar e enfraquecer o parlamento”, disse.

Após ficar até de madrugada na Câmara, Maia voltou à Casa logo cedo e começou uma série de reuniões com líderes de praticamente todos os partidos. Pela manhã, deputados não descartavam a possibilidade de rejeitar completamente o texto do relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e apresentar um projeto substitutivo.

No início da tarde, os parlamentares chegaram a aprovar urgência para apreciação das medidas anticorrupção. Houve bate-boca no plenário quando deputados tentaram aprovar um requerimento para que todas as votações fossem nominais, ou seja, para que ficasse registrado como cada parlamentar votou.

A grande preocupação dos parlamentares é votar um texto que seja mais favorável à classe política. Políticos investigados na Lava Jato pressionam para que o texto do projeto traga de forma explícita a anistia ao caixa 2, para não dar brecha pata ser questionada pelo Ministério Público Federal.

‘Não abro mão do texto aprovado e acabou’, diz relator

Relator do pacote anticorrupção, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) minimizou nesta quinta o adiamento da votação da proposta no plenário da Casa para a próxima terça (29). “Não estou frustrado, mas feliz. O tempo dá condição de que a racionalidade esteja acima de qualquer outro interesse”, afirmou à reportagem, logo após o anúncio da nova data, proferido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Questionado se a ampliação do prazo não abriria espaço para uma maior interferências de parlamentares contrários ao texto, o relator emendou: “Não abro mão do texto que foi aprovado e acabou”.

Nos bastidores, líderes ouvidos pela reportagem consideram, contudo, que o adiamento dará tempo para que se amplie a pressão dentro da Casa contra o relatório de Onyx Lorenzoni. Diante desse cenário, alguns parlamentares não descartam a possibilidade, inclusive, de não se votar na próxima semana.

A possibilidade de adiamento da votação ganhou corpo ao longo do dia em meio a várias reuniões realizadas no gabinete de Maia. “Ninguém se entende. Cada uma apresenta uma sugestão diferente. Eu, na minha opinião, acho que não devemos votar isso de forma açodada”, afirmou o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), após deixar um dos encontros. “Não tem um texto. Está uma bagunça geral”, afirmou Vicente Cândido (PT-SP). “Foi melhor o adiamento porque estava confuso”, disse Vanderlei Macris (PSDB-SP). (Agencia Estado)

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