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Pela primeira vez desde que foi preso pela operação Lava Jato, o ex-deputado federal Eduardo Cunha ficou diante do juiz Sergio Moro. Cunha acompanhou os depoimentos das testemunhas de acusação no processo em que ele é réu: o ex-gerente da Petrobras, Eduardo Costa Vaz Musa, e o auditor da estatal, Rafael de Castro da Silva. Os dois responderam questões da defesa, do Ministério Público Federal (MPF) e do juiz.

A audiência marcou o início da fase do processo em que as testemunhas convocadas pela acusação e pela defesa são ouvidas para dar suas versões sobre o fato. Durante os depoimentos, Cunha foi obrigado a se manter em silêncio. A partir do dia 23, começam a ser ouvidas as testemunhas de Eduardo Cunha. O ex-presidente Lula será ouvido no dia 30 por videoconferência. O presidente Michel Temer optou por responder as perguntas por escrito.

Eduardo Cunha foi preso no dia 19 de outubro, em Brasília. Cassado pela Câmara dos Deputados, o ex-deputado é denunciado de ter recebido propinas por sua interferência na aquisição, pela Petrobras, de um campo petrolífero em Benin, na África. O negócio girou em torno de R$ 138 milhões e Cunha teria recebido, em francos suíços, o equivalente a R$ 5,2 milhões.

Os recursos teriam sido pagos pelo empresário português Idalécio de Oliveira, dono da CBH, empresa que vendou os direitos sobre o bloco para a Petrobras, e intermediados por João Augusto Rezende Henriques, que é apontado pelos investigadores como o operador na Petrobras das propinas destinadas a políticos do PMDB.

A defesa de Cunha nega as acusações e critica o Ministério Público Federal (MPF), dizendo que os procuradores não explicaram qual seria a participação do ex-deputado no esquema descoberto na Petrobras.

Dificuldade – Segundo a coluna Painel, do jornal “Folha de S.Paulo”, Cunha ainda não emitiu sinais de que pretende propor um acordo de delação premiada à Lava Jato. Nas conversas que mantém na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente da Câmara transparece estar longe da colaboração.

Esse cenário, porém, pode mudar à medida que suas tentativas de liberdade forem se esgotando. E Cunha já tomou o primeiro revés: o ministro Teori Zavascki (STF) não aceitou seu pedido de soltura.

No despacho que determinou a prisão, juiz Moro disse que o poder de Cunha para obstruir a Lava Jato “não se esvaziou”. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em liberdade, Cunha representa risco à instrução do processo e à ordem pública.

Fuga – Eduardo Cunha tem passaporte italiano e teria, segundo o Ministério Público Federal, patrimônio oculto de cerca de US$ 13 milhões que podem estar em contas no exterior.

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