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A prisão de um homem de 34 anos em Fortaleza (CE) suspeito de envolvimento em um esquema de compra de vagas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 revelou que a prova e o tema da redação podem ter vazado. A Polícia Federal (PF) encontrou com o suspeito o rascunho de um texto com o mesmo assunto abordado no exame. O candidato foi identificado como secretário de Saúde de um município vizinho.

Os problemas envolvendo a redação levaram o procurador Oscar Costa Filho, do Ministério Público Federal (MPF) no Ceará, a protocolar, no início da noite dessa segunda-feira (7), uma ação civil pública pedindo a anulação da redação em todo o país.

A delegada e coordenadora regional de segurança do Enem no Ceará, Fernanda Coutinho, informou que o homem preso em Fortaleza (CE) já tinha tido acesso ao gabarito da prova e ao tema da redação antes mesmo do início do segundo dia do exame, no domingo. “Ele entrou no local de prova com o rascunho da redação feita no bolso da calça e com ponto eletrônico. Por volta das 11h, 11h30, ele recebeu uma mensagem no celular com o gabarito da prova”, explicou a delegada.

O suspeito foi preso pela PF durante a operação Jogo Limpo, que cumpriu 22 mandados judiciais nos Estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará, nas regiões Norte e Nordeste do país. Nessa segunda-feira (7), a corporação informou que outras três pessoas também foram detidas durante a ação, no domingo, com pontos eletrônicos. No entanto, a PF não esclareceu se elas teriam ligação com o mesmo esquema.

Procurado nessa segunda-feira (7), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que está apurando o suposto vazamento da prova e do tema da redação, mas não disse quais medidas poderá adotar diante da situação. Para o advogado e especialista em direito público Flávio Boson, ainda é cedo para se pensar em uma ação jurídica pedindo a anulação do exame. Ele entende que essa seria uma medida cabível apenas se ficar constatado que milhares de candidatos tiveram acesso aos resultados e foram beneficiados pela fraude. “Caso seja apenas meia dúzia de pessoas, não vejo razoabilidade para isso”, afirmou.

Segundo Boson, é preciso bom senso para se tomar uma medida radical como a anulação das provas. “São milhões de estudantes, centenas de milhões de reais. Anular a prova por desconfiar que alguém deve ter se beneficiado não justificaria. Alguém que fez a prova nesse fim de semana, por exemplo, às vezes, não poderá fazê-la na remarcação, e essa pessoa acabaria sendo prejudicada. Assim, entra-se em um ciclo vicioso de prejuízo”, justificou.

O advogado, no entanto, afirma que todos que se sentirem injustiçados têm o direito de procurar o judiciário para denunciar o processo.

Tema – Além da suspeita de fraude, o tema da redação deste ano tem repercutido negativamente nas redes sociais. Pessoas estão acusando o Inep de utilizar no Enem 2016 o mesmo assunto que aparece em uma imagem divulgada no ano passado pelo próprio Ministério da Educação (MEC) nas redes sociais da pasta. Os internautas insinuam que o próprio MEC teria vazado o tema.

Na ocasião, isso foi feito para desmentir um boato de que teria havido vazamento da prova. Algumas das informações contidas na proposta da redação deste ano são parecidas com as da imagem de 2015. No entanto, o Inep nega que o tema “Caminhos para Combater a Intolerância Religiosa no Brasil” seja o mesmo que aparece na imagem. (Com agências)

Novas prisões – Uma candidata foi presa por estar com o gabarito da prova no celular. Outra estava com as respostas escritas em sua roupa. E um terceiro estava usando um dispositivo eletrônico. (Por Barbara Ferreira/Bernardo Miranda)

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