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A bandeira amarela que voltou a ser cobrada nas contas de luz neste mês por determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve continuar pelos próximos meses. “Nossa expectativa é que a bandeira amarela se mantenha até o fim do ano, mas pode chegar a vermelha em dezembro”, afirma Luis Gameiro, diretor da Tradener, comercializadora de energia. João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia, confirma essa avaliação. “A bandeira tarifária deve ser utilizada até janeiro de 2017, a não ser que chova muito, o que a meteorologia não está prevendo”, afirma Mello.

Para os especialistas, caso a bandeira esteja verde no início de 2017, ela pode ficar amarela em maio, por causa de uma mudança na forma de calcular o Preço da Liquidação das Diferenças (PLD). O PLD é calculado semanalmente e orienta o valor de comercialização da energia elétrica no mercado livre, disponível apenas para empresas que consomem pelo menos 500 KW/h por mês. Além disso, ele serve de parâmetro para definir a cor da bandeira pela Aneel. Se o PLD está alto, as bandeiras amarela e vermelha são adotadas.

Com o novo cálculo que passará a ser utilizado em maio do ano que vem, o PLD vai se aproximar do Custo Marginal da Operação (CMO), ou seja, o valor que o sistema realmente gasta para gerar a energia. Hoje, os custos das termelétricas não são absorvidas pelo PLD e viram encargos de serviços do sistema (ESS), que são pagos pelo consumidor final na hora que a distribuidora de energia vai reajustar a tarifa. A partir de maio de 2017, absorvido pelo PLD, esse valor será dividido por todo o sistema elétrico. Segundo Gameiro, a expectativa é que em maio esse acréscimo seja de R$ 70 por MW/h.

“Isso vai fazer com que as termelétricas sejam utilizadas mais preventivamente. Elas serão despachadas antes do sistema quase entrar em colapso”, explica Gameiro. Com isso, as bandeiras tarifárias, que são utilizadas para cobrir a diferença de preço da geração pelas termelétricas, mais cara do que as hidrelétricas, serão mais utilizadas. “Em compensação, esses valores não vão ser cobrados de uma vez, no reajuste anual da tarifa. As distribuidoras hoje absorvem essa despesa durante todo o ano e depois repassam para o consumidor. Por isso tivemos esse aumento tão grande das tarifas no último ano”, explica Mello.

Luis Gameiro ainda ressalta que a mudança no cálculo do PLD não garante a mudança da bandeira. “Se na época o preço da energia estiver baixo, o aumento pode não gerar mudança de bandeira para o consumidor final”, pondera.

Os parâmetros para essa mudança no cálculo do PLD estão sendo avaliados pela Comissão Permanente Para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP) do Ministério de Minas e Energia (MME). Uma consulta pública sobre o tema está aberta no site do MME e vai até 15 de novembro.

Queda – Nos 25 primeiros dias de outubro, tanto o consumo como a geração de energia elétrica caíram 3,5% no Brasil segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). (Por Ludmila Pizarro)

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