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PCC e Comando Vermelho teriam rompido aliança de 20 anos e ordenado matança nas prisões

— Violentos confrontos entre presos das duas maiores facções do crime organizado deixaram 18 mortos, alguns decapitados, entre o último domingo e ontem em dois presídios de Roraima (norte) e Rondônia (noroeste), em uma guerra que pode se estender a outras penitenciárias do país.

Nessa segunda (17), oito presos morreram carbonizados e outros dois ficaram gravemente feridos no presídio de Porto Velho, capital de Rondônia, um dia depois de outros dez internos terem morrido, três deles decapitados, em uma prisão de Boa Vista, capital de Roraima.

“Na segunda-feira, um grupo de reclusos trancou seus rivais em suas celas e ateou fogo. Suspeitamos que se trate de uma disputa entre facções”, disse à AFP uma autoridade policial de Porto Velho, ao informar que 40 presos foram transferidos para outra prisão.

No domingo (16), na penitenciária rural de Monte Cristo, em Boa Vista, o confronto ocorreu depois que os internos de um pavilhão invadiram outra das alas da prisão por volta das 15h.

“Sete corpos estavam carbonizados e outros três, decapitados”, disse à AFP a porta-voz do governo de Roraima, Jessica Laurie, ao informar que seis presos também ficaram levemente feridos.

“Em um primeiro momento, a polícia acreditou que havia mais mortos. Os internos estavam armados com pedras e paus que arrancaram dos muros, e, com esses pedaços, decapitaram seus rivais. Foi brutal”, relatou.

A funcionária disse que os conflitos nas duas prisões do norte do país estão relacionados: “a facção do crime organizado Primeiro Comando da Capital (PCC) deu a ordem de matar os membros da facção rival Comando Vermelho (CV) em todas as prisões do país”, afirmou Laurie. “Antes, essas duas facções atuavam juntas no controle de armas e drogas”, destacou.

A secretaria de administração penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) estava em alerta desde a última sexta-feira pela ruptura dessa aliança, e uma centena de membros do PCC e do CV começaram a ser transferidos de prisões.

O secretário de Segurança de Roraima, Uziel Castro, confirmou na segunda-feira que “todos os sistemas penitenciários do Brasil sabiam que algo ia acontecer”, mas foram surpreendidos no domingo porque os enfrentamentos ocorreram em um dia de visita, o que é incomum.

A socióloga Camila Nunes Dias explica que “existia uma aliança de fato entre o PCC e o CV, desde o nascimento do PCC, em 1996/1997; uma aliança comercial, de troca de drogas, e de convivência nas prisões”. “Mas essa aliança se rompeu. Acho que é por conta da estratégia de expansão dos dois grupos para o Brasil inteiro, buscando aumentar sua influência”, afirma.

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