Não há roteiro de começo de governo sem uma chuva de boas intenções anunciadas, propostas de reformas delicadas e profundas, além de promessa de austeridade fiscal e crescimento econômico.
A ficha começa a cair quando a bola rola nos salões do Congresso. O governo de Michel Temer vai sair no lucro se virar o ano celebrando a PEC do teto do gasto público como única medida de relevância aprovada.
Em entrevista ao repórter Ranier Bragon, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou, por exemplo, que a reforma da Previdência não vai a plenário antes de 2017.
Segundo Maia, que deixa o cargo em fevereiro, a proposta de mudança no regime previdenciário pode ser votada até dezembro, no máximo, numa comissão especial. E olhe lá.
Na quinta (15), Temer reuniu-se com o “centrão”, o grupo de ex-amigos do deputado cassado Eduardo Cunha. Entre eles estava o falastrão Paulinho da Força, do Solidariedade.
“Combinamos com ele (Temer) que cada reforma será feita por vez. Nada de fazer anúncio de quatro, cinco coisas que não dá para cumprir”, declarou o deputado.
Segundo Paulinho, Temer garantiu que não pretende enviar a reforma da Previdência sem antes discuti-la com as centrais sindicais. Ele só esqueceu de contar que as centrais não querem discuti-la, mas barrá-la, juntamente com a reforma trabalhista.
Não haverá alívio nem para a PEC do teto dos gastos, tratada como prioridade por Temer na reunião com o “centrão”. Treze das 22 emendas apresentadas até agora ao projeto são da base aliada do governo.
Os procuradores da República em Curitiba promoveram um escarcéu para anunciar a denúncia da Lava Jato contra o ex-presidente Lula. Quem conhece o juiz Sergio Moro diz que ele vai aceitá-la na semana que vem, mas se manifestar somente nos autos, ao contrário da pirotecnia do Ministério Público Federal. (Leandro Colon – Folha de S.Paulo/Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)