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O Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) negou nesta terça-feira (23) o recurso da Rússia contra a decisão de excluir seu país dos Jogos Paralímpicos do Rio após o escândalo de doping de Estado revelado pelo relatório da comissão McLaren.

“O Tribunal Arbitral do Esporte negou o recurso apresentado pelo Comitê Paralímpico da Rússia contra a decisão ditada pelo Governo do Comitê Paralímpico Internacional (CPI) em 7 de agosto”, disse a máxima instância judicial do esporte em um comunicado.

“Consequentemente, fica confirmada a decisão do CPI”, prosseguiu a nota do TAS, com sede em Lausanne. O CPI anunciou no dia 7 de agosto ter suspendido o Comitê Olímpico russo pelo escândalo de doping de Estado.

“Nossa decisão se baseou no fato de saber se a Rússia pode respeitar suas obrigações em relação ao Código Mundial Antidoping. A Rússia não cumpre com estes critérios”, argumentou então o presidente do CPI, Philip Craven.

“As equipes do professor McLaren nos transmitiram as identidades de 35 atletas envolvidos. Apareceram depois que outras dez amostras chegaram. Ao todo, e apenas pelo momento, há 45 amostras modificadas de 44 atletas paralímpicos”, disse Craven.

Após o anúncio desta terça-feira, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, classificou de “decisão cínica” a atitude do TAS.

“Excluir os atletas paralímpicos do Rio-2016 é uma decisão cínica motivada pelo desejo de excluir os rivais importantes”, escreveu Medvedev em sua conta no Twitter.

O ministro russo dos Esportes, Vitali Mutko, também criticou a postura do tribunal, afirmando que ela é “mais política que jurídica”.

“A decisão não está dentro do âmbito do direito. É mais política que jurídica”, afirmou Mutko em declarações recolhidas pela agência de notícias oficial russa TASS, acrescentando que “não havia nenhuma razão para esta rejeição”.

Mutko também lamentou que “estas organizações que deferiam defender os esportistas paralímpicos não façam isso e, pelo contrário, os castiguem”.

No entanto, o CPI considera que se trata de uma decisão que deveria ser tomada.

“É muito duro, mas tínhamos que fazer isso, pelo bem do movimento paralímpico (…) Tenho a maior simpatia pelos atletas russos que perderão os Jogos Paralímpicos do Rio (…) Tragicamente, não se trata de esportistas que burlam um sistema, mas de um sistema de Estado que engana os atletas”, alegou Craven.

Esta decisão deixa em evidência a brecha que separa as ações tomadas pelo CPI das decididas pelo Comitê Olímpico Internacional, que autorizou os esportistas russos a participar dos Jogos se cumprissem algumas condições.

O COI, que se negou a excluir os competidores russos em bloco dos Jogos Olímpicos do Rio, deixou a decisão nas mãos de cada federação esportiva internacional, reservando-se o direito final de decidir.

No total, a Rússia deixou de fora dos Jogos 113 esportistas, dos quais a maioria – 67 de 68 deles – eram do atletismo. No entanto, esta decisão não impediu que o país terminasse na quarta posição no quadro de medalhas com 56, 19 delas de ouro.

Alguns competidores recorreram de sua exclusão ante o TAS e venceram, como Darya Klishina, a única russa que participou do atletismo, e que terminou em nono lugar na prova de salto em distância.

O TAS indicou no domingo que havia registrado 16 recursos a título individual ou coletivo em nome dos atletas russos excluídos dos Jogos do Rio após o escândalo de doping. (AFP)

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