O jornal Folha de São Paulo publica em sua edição desta terça-feira (23), que um pedido da presidente afastada Dilma Rousseff está provocando uma crise entre os comandos do Partido dos Trabalhadores ( PT) e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), pois na expectativa de que possa reverter votos no julgamento final do impeachment, marcado para dia 29, ela teria pedido à cúpula do PT para que trocasse de aliança em cinco municípios do Maranhão.
A ação da presidente teria sido influenciada pelos senadores João Alberto (PMDB) e Roberto Rocha (PSB). Até agora, as intervenções teriam se dado em apenas dois municípios: Codó, onde o PT rompeu com o PCdoB para apoiar o candidato do PSDB, e em Timon, onde a direção petista decidiu que o partido saísse da chapa encabeçada pelo prefeito Luciano Leitoa (PSB) e passasse a apoiar Alexandre Almeida (PSD), que é apoiado pelo PMDB.
De acordo com a Folha, operação pode beneficiar também o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que foi seu ministro de Minas e Energia.
O presidente do PT, Rui Falcão, segundo apurou a Folha, teria atendido parcialmente as solicitações de Dilma, mas não deu andamento às intervenção também em São Luís, Imperatriz e Balsas. “As concessões, porém, são suficientes para incomodar a cúpula do PCdoB, que procurou a cúpula do PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mobilização foi também para evitar novas intervenções”, afirma o jornal.
Ainda de acordo com o jornal, a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, que disputa a Prefeitura de Olinda, disse que não acredita nas decisões do seu partido no Maranhão. “Depois de todos gestos que o Flávio [Dino] fez [contra o impeachment], isso não é brincadeira”, reclamou, lembrando que está na disputa, sem apoio do PT.
Deputado federal pelo PDT do Maranhão, Ewerton Rocha diz que seu partido terá que dar uma resposta ao PT, mas o secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, minimizou, por sua vez, o impacto das medidas do Diretório Nacional.
Ele argumenta que o PT manteve a aliança com o PC do B nas principais cidades do Maranhão, atendendo às orientações do governador. Florisvaldo diz que foi responsável pelas intervenções. Questionado se esse era um pedido da presidente afastada, limitou-se a dizer: “Eu me reservo o direito de não não falar sobre isso. Não vou responder”.
O senador Roberto Rocha (PSB-MA) nega que tenha exigido alianças no Estado em troca de um voto contrário ao impeachment no Senado Federal. Ele admite ter conversado com Dilma e com o presidente interino, Michel Temer (PMDB). “Quem disse que posso mudar meu voto? Eu ainda não disse qual será. Minha tendência é seguir a decisão do partido, que não tomou decisão”, disse o senador.
Esse não é o único atrito recente entre PT e PC do B. Petistas reclamam, por exemplo, de um aliança dos comunistas com o DEM em Fortaleza. Integrantes do comando do PT culpam o PC do B por sua derrota na eleição para a presidência da Câmara. Afirmam que o candidato apoiado pelo PT, Marcelo Castro (PI), não teria sido derrotado caso o PC do B o apoiasse. Mas, em vez disso, comunistas lançaram o deputado Orlando Silva (SP), que, mais tarde, apoiou o vencedor Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o cargo. Silva, que conversou com Lula antes da decisão, rebate: “O PC do B não é um acessório do PT”. (Com informações da Folha)