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Após ficar fora das semifinais dos 200 metros borboleta nos Jogos Olímpicos, Joanna Maranhão desmoronou e foi aos prantos. Não pelo resultado, que ela já aprendeu a lidar em sua vida esportiva, seja com os fracassos ou as muitas vitórias. Mas pelas reações perversas de muitos torcedores,que pegaram pesado nas redes sociais.

“Não é possível alguém desejar que você seja estuprada ou que morra. Não precisa gostar de mim, mas é necessário ter respeito”, desabafou a atleta, chorando bastante. “O que eu puder fazer pra melhorar meu país de alguma forma, eu vou fazer. As pessoas têm todo o direito de discordar, mas não pode desejar essas coisas horríveis. Desejar que eu seja estuprada? Falar que eu inventei a história do abuso na minha infância para aparecer na mídia? Isso é pesado, sabe? Eu recebo tantas mensagens bonitas e pesadas de crianças, mulheres e homens que passaram pela mesma história que eu. Como alguém pode imaginar que eu inventei?”

Joanna comparou a situação ao caso de Rafaela Silva, que foi chamada de macaca após ser eliminada da disputa do judô nos Jogos de Londres, em 2012, mas deu a volta por cima e ganhou o ouro olímpico no Rio.

“Todo mundo já passou por uma decepção. Eu já pensei em tirar a minha própria vida. Já busquei quatro vezes o índice olímpico para estar aqui, sou a melhor atleta do Brasil nas provas que disputo desde os 14 anos de idade. Eu me orgulho muito da minha trajetória. A Rafaela não merecia escutar as provocações”, completou.

Joanna sempre teve uma postura política de esquerda e isso incomoda muita gente com o pensamento diferente do dela. A atuação discreta no Rio reforçou as críticas e muita gente ofendeu e insultou a nadadora, que avisou que pretende tomar medidas legais contra isso.

“O Brasil é um país machista, um país racista, um país homofóbico, uma país xenofóbico. Não estou generalizando, mas essas pessoas existem, infelizmente. E aí quando elas estão atrás de um computador, se acham no direito de fazer essas coisas. Todo mundo tem direito de concordar dos meus posicionamentos políticos, que eu sei que são da minoria. Eu não faço parte da maioria. Mas a minha formação e a minha história me fez com que eu tivesse a necessidade de me posicionar politicamente. E eu não vou parar.”

A atleta acha que as cobranças devem existir em relação à performance dos nadadores, mas que todos estão lá para dar o seu máximo. Infelizmente para a natação brasileira, os bons resultados ainda não vieram, inclusive para a melhor nadadora do País nos últimos anos. “Ninguém entra na piscina para nadar mal. Todo mundo aqui tenta fazer o seu melhor. Nos Mundiais estou sempre ali, brigando por uma semifinal e isso para mim é do caramba. Se de alguma forma eu não conseguir melhorar meu quinto lugar dos Jogos Olímpicos, eu continuo sendo a mesma Joanna”, concluiu. (Agencia Estado)

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