Depois de a presidente afastada Dilma Rousseff responsabilizar o PT por eventuais irregularid
ades em sua campanha presidencial e dizer que a sigla precisa fazer uma reavaliação, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, jogou um balde de água fria na última cartada da presidente para se livrar do processo de impeachment: um plebiscito sobre a realização de novas eleições ainda neste ano.
Após reunião da executiva do PT, Falcão descartou a proposta, que classificou de “inviável”, uma vez que todo o processo para a convocação de novas eleições consumiria dois anos, coincidindo com 2018. Falcão disse ainda que discorda politicamente da iniciativa, já que a presidente estaria abrindo mão de seu próprio mandato. Ao falar sobre a hipótese de os senadores votarem contra o impeachment diante da promessa de novas eleições, Falcão disse não querer artifícios para “tentar enganar quem não vai ser enganado”.
Ao mesmo tempo em que “isolou” Dilma, Falcão anunciou a decisão do partido de lançar um memorial em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O caderno reunirá todos os argumentos da assessoria jurídica do Instituto Lula contra a investigação ao petista feita pela Lava Jato. O presidente do PT explicou, porém, que a executiva não fez qualquer manifestação formal contra a aprovação do pedido de impeachment de Dilma pela comissão especial do Senado porque o resultado “já era previsível”.
Para Falcão, Dilma deverá sinalizar com mudanças na política econômica e recomposição de seu governo se quiser conquistar votos contra o impeachment no Senado Federal. Presidente do PT do Rio, Washington Quaquá disse que Dilma deveria rever medidas, como sua política econômica. Segundo Quaquá, a presidente “contrariou sua base partidária” e “não ajudou em nada a sigla”. Sobre a possibilidade de derrota do impeachment, Quaquá afirmou que “só acontecerá se os senadores ficarem honestos”.
Apoio da militância – Dilma Rousseff publicou um vídeo no Facebook em que convoca a população que a apoia para mais um esforço: a mobilização nas ruas contra o impeachment, que deverá começar a ser decidido no plenário do Senado no final do mês. No vídeo, Dilma diz que “é possível reverter o jogo com a mobilização das ruas e a consciência” dos senadores. “Nesse mês que falta até o momento do julgamento, eu acho que seria muito importante a mobilização de todos, a dedicação de todos, porque nós podemos reverter esse jogo. E, para reverter esse jogo, faltam duas coisas: falta esse sentimento que vem forte quando ele vem das ruas e, é óbvio, a consciência dos nossos senadores”, disse.
Indecisa – Defesa. Dilma ainda não decidiu se vai ao Senado para se defender no processo de impeachment. “Minha opinião é o que a presidenta decidir”, disse o advogado dela, José Eduardo Cardozo.