O Paraguai não aceita a autoproclamação da Venezuela como o país que detém a presidência temporária do Mercosul, afirmou nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores paraguaio, Eladio Loizaga.
“A presidência de seis meses do Mercosul deve ir rodando por ordem alfabética. O Uruguai nos comunicou que já não está à frente da união e a Venezuela, em outra nota, autoproclamou sua independência”, disse o ministro durante entrevista coletiva. Loizaga afirmou que a passagem de comando no bloco, porém, “deve se fazer por consenso dos cinco membros, com a presença dos mandatários”.
A autoridade paraguaia disse que nesta semana se reunirão diplomatas de Argentina, Brasil e Paraguai para analisar a situação “porque, evidentemente, há uma lacuna jurídica: a Venezuela se autoproclama e essa figura não existe nos regulamentos”. Loizaga reiterou que a Venezuela não respeita o sistema democrático “ao não reconhecer à oposição seu direito à crítica”.
Em 1º de julho, o presidente paraguaio, Horacio Cartes, se referiu à Venezuela em uma mensagem ao Congresso. “Quando os direitos humanos e as liberdades fundamentais não são respeitados, como ocorre neste momento na Venezuela, não podemos permanecer em silêncio”, afirmou Cartes.
A Venezuela, por sua vez, apresentou uma demanda contra o Paraguai na Câmara de Comércio Internacional de Paris, na qual reclama o pagamento de US$ 265 milhões, acumulados desde 2006 pelo fornecimento de combustível. O governo paraguaio anunciou que se defenderá na câmara, mas não se pronunciou especificamente sobre a dívida reivindicada por Caracas.