O bom humor predominou nos mercados globais nesta segunda-feira (11), com a possibilidade de que os bancos centrais promovam medidas para evitar a desaceleração global. O otimismo ganhou impulso depois que primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, sinalizou um novo pacote de estímulo fiscal.

O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio subiu quase 4%, e as demais Bolsas globais fecharam a sessão com ganhos expressivos.

O dólar se valorizou frente a boa parte das moedas. A forte criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos em junho, divulgada na sexta-feira (8), afastou os temores de desaceleração da maior economia do mundo e impulsionou a moeda americana.

No Brasil, o dólar também subiu, influenciado ainda por mais uma ação do Banco Central no câmbio. O Ibovespa subiu mais de 1,5%, beneficiado pelo cenário externo e pelas perspectivas de que o governo do presidente interino Michel Temer promova privatizações.

Os investidores aguardam ainda a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao cargo. O pleito deverá ocorrer nesta quarta-feira (13). As expectativas são de que seja eleito um parlamentar alinhado com o governo Temer, que dê andamento aos projetos para reativar a economia.

BOLSA

O principal índice da Bolsa paulista fechou em alta de 1,54%, aos 53.960,11 pontos. É a maior pontuação desde 28 de abril deste ano (54.311,96 pontos). O giro financeiro foi de R$ 6,2 bilhões.

As ações de estatais e de elétricas registraram fortes ganhos. “São setores que sofreram bastante durante o governo Dilma Rousseff, e que agora voltam a ganhar atratividade com a possível de venda de ativos e de menor ingerência governamental”, afirma o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos.

As ações da Petrobras tiveram alta de 5,28%, a R$ 10,36 (PN), e de 4,79%, a R$ 12,89 (ON), apesar do recuo do petróleo no mercado internacional.

A Petrobras informou nesta segunda-feira que bateu seu recorde mensal de produção de petróleo e gás, com a média de 2,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia, incluindo suas atividades no Brasil e no exterior.

Os papéis da Vale ganharam 3,68%, a R$ 13,50 (PNA), e 4,13%, a R$ 16,86 (ON), seguindo a valorização do minério de ferro na China.

No setor financeiro, Banco do Brasil ON avançou 4,58%; Itaú Unibanco PN subiu 0,97%; Bradesco PN, +1,13%; Santander unit, +2,18%; e BM&FBovespa ON, +1,48%.
Entre as elétricas, Cemig PN teve alta de 9,75%; Copel PNB, +6,57%; e Cesp, +4,05%. Fora do Ibovespa, Eletrobras PNB ganhou 8,43% e Eletrobras ON, +8,42%.

CÂMBIO E JUROS

O dólar à vista fechou com ganho de 0,62%, a R$ 3,3084; dólar comercial avançou 0,42%, a R$ 3,3110.

Depois de uma pausa na sexta-feira (8), o Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio.

Foram leiloados 10.000 contratos de swap cambial reverso, no montante total de US$ 500 milhões. A operação equivale à compra futura de dólares.

Com esse leilão, o estoque de swap cambial tradicional do BC (que corresponde à venda futura da moeda americana) caiu para cerca de US$ 59,135 bilhões.

Os dados do mercado de trabalho americano em junho impulsionaram o dólar frente a outras moedas nesta sessão. “O dólar subiu com a alta dos juros dos Treasuries [títulos do Tesouro americano], causada pela melhora do ambiente externo”, destaca José Faria Júnior, diretor técnico da Wagner Investimentos. “Mas a possibilidade de que haja uma alta dos juros americanos neste ano é praticamente descartada”, acrescenta.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 recuou de 13,885% para 12,870%; o contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 12,050% para 11,990%, no menor patamar desde 30 de janeiro do ano passado (11,890%).

O Boletim Focus, do Banco Central, mostrou que a previsão de economistas para a inflação caiu levemente neste ano e no próximo. Agora, o IPCA (índice oficial de preços) estimado é de 7,26% em 2016, contra estimativa anterior de 7,27%.

Em 2017, a expectativa é que a inflação seja de 5,40%, ante 5,43% no boletim passado, abaixo da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o próximo ano, de 4,5% com 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

A perspectiva de desaceleração da inflação abre a possibilidade de um corte da taxa básica de juros (Selic), embora isso não deva ocorrer no curto prazo, como sinalizou o BC.

O CDS do país, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, caía 1,15%, aos 305,776 pontos, no menor nível desde 17 de agosto de 2015 (304,417 pontos).

EXTERIOR

Na Ásia, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio avançou 3,98% depois que o primeiro-ministro, Shinzo Abe, sinalizou, sem dar detalhes, um novo pacote de estímulo fiscal após a coalizão governista vencer uma eleição na câmara alta do Parlamento.

As Bolsas da China também fecharam em alta nesta segunda-feira, com as expectativas de que o governo chinês também anuncie estímulos monetários após dados fracos de inflação.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,35%, enquanto o índice de Xangai avançou 0,27%.

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 fechou em alta de 0,34% e atingiu a máxima histórica de 2.137,15 pontos; o Dow Jones, +0,44%; e o Nasdaq, +0,64%. A Bolsa de Londres fechou em alta de 1,40%; Paris, +1,76%; Frankfurt, +2,12%; Madri, +1,46%; e Milão, +1,21%.

Segundo analistas, os investidores receberam bem o nome de Theresa May, atual secretária britânica do Interior, para suceder David Cameron como premiê. “Ela não é da ala radical e deve conduzir o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) sem traumas”, afirma José Faria Júnior, da Wagner Investimentos.

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