Brasília. A hora de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) perder o mandato parece estar realmente chegando, e, com isso, os aliados já começaram a debandar. Após a inesperada derrota no Conselho de Ética da Casa, o presidente afastado da Câmara começa a perceber que seu poder está se diluindo aos poucos. Ontem, por exemplo, ele recebeu duas sinalizações de que não escapará de ser expulso do Parlamento.

Primeiro, Cunha recebeu a notícia de que o presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), retirou a consulta feita à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que poderia livrar o peemedebista da cassação.

Na consulta, Maranhão questionava genericamente sobre ritos de processo de quebra de decoro parlamentar na Câmara. Entre outras coisas, a discussão poderia abrir uma oportunidade de uma punição a Cunha menor do que aquela definida pelo Conselho de Ética. Com a retirada, a CCJ não vai mais se manifestar sobre o tema, que deixou de tramitar.

Ontem, porém, em ofício enviado à comissão, Maranhão argumentou que, em processo político-disciplinar, o que deve ser submetido ao plenário é o parecer, e não um projeto. Ele explica que chegaram a seu conhecimento duas situações em anos anteriores em que a CCJ já havia se manifestado sobre o envio de um projeto ao plenário para substituir um parecer. A primeira consulta, segundo Maranhão, foi em 1991, e a segunda, em 2005.

Recado. Ontem, Cunha se reuniu com aliados, mas antes mesmo do encontro já sabia que muitos deles o abandonarão. Um dos oito deputados que foram até o fim em defesa do peemedebista na votação em que foi derrotado, no Conselho de Ética, Laerte Bessa (PR-DF) disse ao jornal “O GLOBO” esperar que ele anuncie hoje a renúncia à presidência da Câmara e já o avisou de que votará pela cassação e que ele não terá os votos para salvar o mandato na votação em plenário.

Como Bessa, outros aliados de Cunha já o avisaram de que não tem como votar contra o parecer que pede sua cassação no plenário, nem mesmo o mais fiel escudeiro, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), e Mauro Lopes (PMDB-MG).

“Nós o defendemos no Conselho de Ética até o fim da denúncia de que havia mentido sobre as contas no exterior. Só que as acusações aumentaram muito, e sua situação ficou irreversível. Por isso estamos pedindo que ele renuncie à presidência, é o melhor para o país. Nesse impasse as coisas na Câmara estão andando a passo de tartaruga. Ele tem que renunciar em favor do Brasil”, destacou Bessa, que fez uma pesquisa com colegas antes de conversar com o peemedebista.

“Eu já falei para ele que não terá chance no plenário. Fiz uma pesquisa informal entre seus aliados, e ele não terá os votos necessários para impedir a cassação”, destacou, lembrando que muitos deputados são candidatos a prefeito e não querem o desgaste de defender Cunha.

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