Na proposta de delação premiada que entregou para a 17ª Promotoria de Patrimônio Público da Comarca de Belo Horizonte o empresário Marcos Valério de Souza promete entregar cerca de 20 nomes, incluindo parlamentares com foro privilegiado de diversos partidos. A informação é do advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, e foi publicada ontem no jornal “O Estado de S. Paulo”.
Na sexta-feira, foi divulgado a intenção do empresário e a proposta de acordo de colaboração que foi protocolada no Ministério Público de Minas Gerais. Na ocasião, Jean Robert Kobayashi Júnior confirmou a autenticidade do documento, mas não quis revelar detalhes do acordo. “O que posso dizer é que a sociedade vai se escandalizar com o que o Marcos Valério vai revelar”, afirmou, completando que seu cliente promete trazer fatos novos que irão ajudar bastante nas investigações.
Além de auxiliar a comprovar ilicitudes apuradas no processo do mensalão mineiro, que investiga o suposto caixa 2 na campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), a gênese do esquema que depois foi replicado pelo PT em nível nacional, Marcos Valério já estaria negociando um acordo com investigadores federais, para tratar de temas que vieram à tona na operação Lava Jato.
Há três anos preso na região metropolitana de Belo Horizonte, Valério pegou a maior pena entre os condenados do mensalão petista e cumpre 37 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A interlocutores, ele tem dito que “cansou de apanhar” e que “agora vai começar a bater”. Valério está na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde trabalha para descontar dias de sua pena.
A expectativa dele era de conseguir ir para o regime semiaberto em um ano e meio, mas ele ainda está prestes a ser julgado por envolvimento no mensalão mineiro, pela Justiça estadual, e também já foi alvo de uma denúncia da Lava Jato perante o juiz Sergio Moro, em Curitiba, o que pode, na prática, impedir que ele deixe o regime fechado.
De acordo com informações obtidas com pessoas próximas às negociações, Marcos Valério estaria disposto a falar sobre a suposta maquiagem das contas do Banco Rural e o sumiço de documentos da CPI dos Correios, que ajudaram a proteger interesses de envolvidos nos esquemas. As primeiras informações dessa prática vieram à tona em delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT, hoje sem partido).
Defensores
Divisão. O advogado Marcelo Leonardo continua a defender Marcos Valério nas ações penais, enquanto Jean Robert Kobayashi Júnior trata exclusivamente do acordo de delação premiada.