O Estado – O cancelamento da Exposição Agropecuária do Maranhão (Expoema) está repercutindo bastante no meio agropecuário local, com fortes críticas ao Governo do Estado. “O Maranhão está dando um passo atrás no momento em que o governo inviabiliza a realização da Expoema”, desabafou do criador de gado nelore Roberval Cordeiro, retratando a insatisfação de todos os produtores rurais e empresários do agronegócio com a decisão do governo de retomar o Parque Independência, o que levou a Associação dos Criadores do Maranhão (Ascem) a cancelar o evento, que este ano comemoraria a 60ª edição.

Roberval Cordeiro lamentou a atitude tomada pelo Governo do Estado, num momento em que é o agronegócio o sustentáculo da economia brasileira na atual conjuntura de crise, além do fato de que o Maranhão possui o segundo maio rebanho do Nordeste. “Esse é mais um passo atrás dado pelo governador Flávio Dino”, criticou.

Criador no município de Zé Doca, na Fazenda Morada Nova, Roberval Cordeiro, disse que o prejuízo da não realização da Expoema não se aplica somente aos pecuaristas, que perderão a oportunidade de negócios e de intercâmbio de melhoramento genético dos animais, mas também aos prestadores de serviços, ao público que ali buscava diversão e entretenimento e ao próprio Estado, que deixará de arrecadar. “Lamentamos essa atitude do governador de retirar a administração do parque num momento em que se organizava a exposição”.

Com esse desincentivo por parte do Governo do Estado, o criador informou que buscará alternativas, na sua própria região para expor seu animais. E esse deve ser o caminho a ser tomado por outros pecuaristas.

Há 30 anos participante da Expoema, o criador pernambucano Zilmar Valença, que se estabeleceu definitivamente no Maranhão, em Vargem Grande, devido à grandiosidade da exposição, classificou a decisão do governo Flávio Dino de retomar o Parque Independência da forma com está sendo feita como “a pior vergonha para o Maranhão”.

Vitrine – Segundo ele, se a pecuária de bovinos, caprinos e ovinos no Maranhão é destaque hoje em todo o Brasil, isso se deve à Expoema, que é uma grande vitrine. “No momento em que a Expoema não é realizada e se deixa de receber criadores de outros estados, o Maranhão perde em termos de genética e em negócios”, observou, ao criticar “a omissão de deputados/criadores na Assembleia Legislativa, que não saem em defesa da Expoema”.

Para o zootecnista e professora da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Afrânio Gazolla, que por 35 anos participou da organização da Expoema, toda uma cadeia é prejudicada como cancelamento da exposição, desde o criador às empresas que comercializam produtos e insumos agrícolas e ainda máquinas e implementos, os restaurantes, hotéis e até mesmo o estudantes que apreendiam novos conhecimentos, sem falar dos empregos que deixarão de ser gerados.

O ex-presidente da Associação dos Criadores do Maranhão, Nelson Frota, que por muitos anos lutou para o engrandecimento da Expoema, disse não entender tal atitude tomada pelo governo Flávio Dino de inviabilizar um evento que já faz parte do calendário agropecuário do estado.

O presidente do Núcleo de Equino, Talib Neto, também lamentou a não realização da Expoema, espaço onde organizava todos os anos o leilão São Luís Horse Show, o que acaba por desmotivar os criadores. Ano passado, o evento de comercialização de equinos movimentou cerca de R$ 1,7 milhão. “Já desmontamos o Núcleo no Parque Independência e estamos à procura de outro local”, informou.

Outro lado

O Governo justifica a retomada informando que pretende utilizar a área para implementar um Programa Habitacional do Servidor Público (PHSP), que será inicialmente voltado para policiais e funcionários da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). A Ascem entrou com uma ação na Justiça requerendo que o contrato firmado com o Governo do Estado seja mantido.

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