O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quarta-feira (4), que pode rever a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da última sexta-feira (30), de acionar a bandeira vermelha no patamar dois para as contas de luz.
Ele admitiu que os ‘problemas técnicos’ detectados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) podem implicar na revisão da bandeira vermelha — e até mesmo permitir a volta à bandeira amarela ou à bandeira verde, que vigorou em agosto.
“Pode acontecer [a revisão]. São problemas técnicos e objetivos. Se quisermos usar os recursos da Conta Bandeira, podemos, inclusive, adiantar ou manter as bandeiras verde, ou amarela durante algum tempo”, afirmou após a cerimônia de formatura das mulheres eletricistas da Neoenergia Brasília.
O ONS e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CNEE) constataram inconsistências no custo de operação das termelétricas. Esses problemas técnicos levaram à decisão de aumentar a tarifa sobre a conta de energia elétrica. Os cálculos passam por revisão, e, conforme o ministro, a decisão de adotar a bandeira vermelha pode ser derrubada.
Apesar de ter admitido a possibilidade, Silveira declarou que é necessário cautela e disse querer evitar medidas drásticas como o despacho fora da ordem de mérito — que acontece quando as térmicas são acionadas excepcionalmente.
“O equilíbrio é fundamental, porque ninguém tem segurança de quanto tempo ainda precisaremos despachar de nossas térmicas. É preciso cuidado para que a gente não faça despacho fora de mérito e outras medidas que podem custar mais caro para a população”, observou.
O ministro afirmou também que o cenário hídrico preocupa, mas avaliou que a situação é menos crítica que a vivida em 2021. “Apesar das mudanças climáticas, da gravidade do baixo índice pluviométrico e do atraso das chuvas no Brasil, estamos extremamente seguros de que não teremos crise energética”, ponderou.
Pior seca da história impacta valor da conta de energia
As cidades brasileiras enfrentam a seca mais severa da história do país, e a tendência é de piora do quadro neste mês de setembro, segundo previsão do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). O órgão do governo federal observa as condições climáticas e emitiu um alerta nesta terça-feira (3) para o agravamento da seca nas próximas semanas.
A situação é mais crítica nos Estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e em Minas Gerais. Os consumidores, até o momento, serão diretamente afetados pela falta de chuva e pagarão mais caro nas contas de luz já em setembro.
Com a baixa nos reservatórios das hidrelétricas, a Aneel recorreu às termelétricas, que têm custos de operação mais altos, e o gasto a mais será repassado aos clientes. A cobrança adicional será feita através da bandeira tarifária vermelha em patamar dois, que não era acionada há três anos. Na prática, significa que os consumidores pagarão R$ 7,87 a mais a cada 100 quilowatts-hora (kWh).
A última vez que essa bandeira foi acionada foi em 2021, durante a crise hídrica.