O Partido Liberal (PL) oficializou, nesta segunda-feira (22), a pré-candidatura do deputado Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro. A disputa será realizada em outubro deste ano. O ato aconteceu em meio à investigação que aponta Ramagem como chefe do esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele comandou o órgão entre 2019 e 2022, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A confirmação da pré-candidatura foi na convenção partidária, no Rio. Estavam presentes o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) e o líder do PL na Câmara dos Deputados, Altineu Cortes (RJ). Jair Bolsonaro, que o apoia, não participou, mas esteve com ramagem em atos políticos na cidade na quinta-feira (18) e na sexta-feira (19).

A vaga de vice na chapa ainda está em aberto. Uma das linhas de estratégia do grupo é atrair outros partidos pela coligação. Um dos nomes ventilados é o da ex-deputada Roseane Félix, em uma articulação do MDB. O PL também analisa se Ramagem terá mais forma com uma chapa “puro sangue”, com o vice do mesmo partido.

Ao sair da convenção, Ramagem comentou sobre a investigação em que é alvo e que ficou conhecida como “Abin paralela”. “Eu acredito que é uma grande perseguição. Se verifica que não há crime. Elegeram a mim como alvo de investigações sem ter conduta criminosa alguma”, declarou.

Ramagem prestou depoimento sobre o assunto por quase sete horas na superintendência da Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (17). De acordo com o jornal O Globo, o ex-chefe da Abin respondeu a cerca de 130 perguntas feitas pelos agentes e negou ter tido conhecimento sobre o esquema de monitoramento ilegal.

Ele disse que não tinha conhecido do esquema e responsabilizou o agente Marcelo Araújo Bormevet e o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, ambos cedidos para a Abin no governo Bolsonaro, pela espionagem. Em material apreendido, a PF encontrou conversas entre os dois servidores sobre ordens para elaboração de dossiês contra autoridades.

Também foi abordado pelos agentes o áudio apreendido pela PF na casa dele, em 24 de janeiro deste ano, que revela uma reunião entre Ramagem, Jair Bolsonaro e o então ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. A gravação tem uma hora e oito minutos e foi feita em 25 de agosto de 2020 de forma ilegal.

A reunião teria acontecido no Palácio do Planalto, sede administrativa do governo federal em Brasília (DF), e contado com a participação de advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL). Na conversa, eles trataram sobre um plano de monitoramento de três auditores da Receita Federal para blindar Flávio no caso das supostas “rachadinhas”. A prática consiste no desvio de dinheiro por meio dos salários de assessores.

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