Israel louvou sua própria defesa aérea neste domingo (14/04), diante do ataque sem precedentes iniciado na véspera. Segundo o porta-voz-chefe das Forças de Defesa, almirante Daniel Hagari, os sistemas antiaéreos nacionais interceptaram 99% dos mais de 300 drones e mísseis lançados durante a noite pelo Irã.
As tensões regionais são elevadas, pelo medo de que um contra-ataque israelense possa provocar nova escalada. Os Estados Unidos já deixaram claro que não participariam de qualquer operação ofensiva.
“Não estamos procurando guerra contra o Irã, não estamos buscando agravamento aqui”, afirmou o porta-voz de segurança da Casa Branca, John Kirby, à emissora NBC. Por sua vez, o presidente Joe Biden propôs a realização, ainda neste domingo, de um encontro do G7 “para coordenar uma reação diplomática unida à ousada ofensiva do Irã”. Está também programada uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU para as 22h00 (17h00 em Brasília).
Teerã alega que o ataque aéreo em massa foi em resposta ao atentado contra seu complexo consular em Damasco, Síria, em 1º de abril – que teve entre 16 mortos dois generais iranianos – cuja culpa atribui a Israel. Tel Aviv não confirmou nem desmentiu a acusação.
Segundo fontes israelenses, o Irã teria lançado 170 drones, mais de 30 mísseis de cruzeiro e mais de 120 balísticos. No entanto os danos foram mínimos, possivelmente se restringindo a uma base aérea. O jornal The New York Times registrou nove feridos, entre os quais apenas um grave – possivelmente uma menina de sete anos.
Rede antiaérea eficiente
Na manhã deste domingo, as autoridades iranianas declararam ofensiva encerrada. Os aeroportos do país permanecem fechados, enquanto Israel reabriu seu espaço aéreo. Benny Gantz, membro-chave do gabinete de guerra israelense, anunciou: “Vamos formar uma coalizão regional e cobrar o preço do Irã, da maneira e no momento que nos convier.”
A partir da Revolução Islâmica de 1979 no Irã, há tempos os dois países inimigos vêm travando uma “guerra secreta” intermitente, marcada por investidas obscuras como a de Damasco. O ataque militar deste domingo, contudo, foi o primeiro direto contra Israel.
Muitas vezes com assistência dos EUA, Teerã estabeleceu uma rede antiaérea em diversas camadas, incluindo sistemas capazes de interceptar grande gama de ameaças, de mísseis de longo alcance e de cruzeiro a drones e foguetes de curta distância.
Foi graças a essa rede e à colaboração americana e britânica, que Israel pôde frustrar uma ofensiva que poderia ter sido muito mais devastadora, num momento em que se encontra pressionado tanto pela guerra contra o grupo islamista Hamas, na Faixa de Gaza, como pelo combate à milícia Hisbolá.
Ambos os grupos fundamentalistas islâmicos contam com apoio iraniano. O Hamas saudou a ofensiva da noite de sábado, classificando-a como “um direito natural e uma reação merecida”. Por sua vez, o Hisbolá, do Líbano, tem assediado a fronteira norte israelense, em embates diários, enquanto outros agrupamentos do Iraque, Síria e Iêmen lançam foguetes e mísseis contra território israelense, igualmente respaldados por Teerã. av (AP,EPD,DPA,Reuters,ots)