O Brasil registrou 2,54 milhões de nascimentos em 2022, o que representa uma queda de 3,5% em comparação com o ano de 2021. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (27/3), este é o quarto recuo consecutivo. Em comparação com a média dos cinco anos anteriores à pandemia de covid-19 (2015 a 2019), há uma diminuição de 11,4%.

Todas as regiões apresentaram queda nos registros de nascimentos ocorridos em 2022. Porém, o percentual foi superior à média nacional no Nordeste (-6,7%) e no Norte (-3,8%). Entre as unidades federativas, a Paraíba apresentou a maior queda (-9,9%), seguida pelo Maranhão (-8,5%), Sergipe (-7,8%) e Rio Grande do Norte (-7,3%). Santa Catarina (2,0%) e Mato Grosso (1,8%) foram os únicos estados que tiveram aumento de registros de nascimentos.

Quanto ao mês de nascimento das crianças registradas, a maior frequência ocorreu no mês de março (233.177), seguido pelo mês de maio (230.798). Por outro lado, outubro foi o mês com o menor número de nascimentos (189.003).

Além disso, os dados também apontam que a opção por registrar a criança na mesma Unidade da Federação de residência da mãe ocorre em cerca de 99% dos registros. No entanto, no Distrito Federal, 23,9% das crianças registradas são filhos de mães residentes no estado de Goiás. O IBGE destaca que a busca pela rede pública de saúde por parte das populações que residem em municípios goianos vizinhos explica esse comportamento.

Seguindo essa tendência, o Amapá (3,9%) e o Acre (3,2%) foram os estados com os maiores percentuais de crianças registradas cujas mães residiam em outras Unidades da Federação. O IBGE frisa que a falta de registro representa um obstáculo ao exercício da cidadania. “Além de limitar o acesso do indivíduo a diferentes serviços e programas públicos. Desta maneira, quanto mais rápida a efetivação do registro de nascimento em cartório, mais brevemente as pessoas poderão exercer seus direitos”, pontua o IBGE.

Óbitos

O levantamento também mostra que o país registrou 1,5 milhão de óbitos em 2022, número 15,8% menor em comparação com 2021 — auge da pandemia de covid-19 no Brasil, quando foram registrados 1.786.347 óbitos, o maior valor desde o início da série histórica em 1974. No entanto, segundo o IBGE, o valor observado para 2022 é ainda superior ao de 2019, último ano pré-pandemia, quando foram registrados 1.317.292 óbitos.

“A comparação com o ano pré-pandemia sugere que, apesar da redução das mortes por covid-19 em um contexto de aumento da cobertura da população vacinada, o novo coronavírus seguia bastante letal ainda no primeiro semestre do ano de 2022. No âmbito internacional, a OMS declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional referente à covid-19 somente no ano seguinte, em 5 de maio de 2023”, detalha o IBGE.

As maiores quedas do número de óbitos foram observadas nas regiões Centro-Oeste (-21,7%) e Norte (-21,1%). Por outro lado, a menor queda relativa foi registrada na região Nordeste (-9,3%). Na região Sudeste, a redução percentual foi de 17,4%; e, na região Sul, de 15,6%.

As cinco Unidades da Federação que apresentaram a maior queda percentual no número de óbitos, entre 2021 e 2022, foram Amazonas (-29,9%), Rondônia (-26,6%), Acre (-25,0%), Distrito Federal (-24%) e Roraima (-23,6%). No outro extremo, as cinco unidades federativas que apresentaram a menor queda percentual no número de óbitos, entre 2021 e 2022, foram Piauí (-6,3%), Bahia (-6,9%), Paraíba (-6,9%), Alagoas (-7,2%) e Rio Grande do Norte (-8,8%), todas localizadas na região Nordeste.

Faixa etária

Na análise dos óbitos por grupos de idade, é possível dizer que houve redução do número de óbitos ocorridos no ano para todos os grupos da faixa etária de 15 anos ou mais. As faixas etárias de 40 a 49
anos (-30,1%) e de 50 a 59 anos (-30,5%) foram as que apresentaram a maior redução entre 2021 e 2022.

Os idosos com 80 anos ou mais de idade concentraram o maior contingente de óbitos do país em todos os anos de 2019 a 2022. Neste último ano, ocorreu um total de 483.033 mortes nessa faixa etária, o que corresponde a 32,2% de todos os óbitos ocorridos no ano e cuja idade do falecido era conhecida.

Chama a atenção o fato de que, para a população com menos de 15 anos de idade, houve aumento, e não redução, do número de óbitos. No total, foram registrados 40.195 óbitos de crianças e ado-
lescentes de 0 a 14 anos ocorridos em 2022, 2.908 a mais (7,8%) do número verificado em 2021 (37. 287).

Causas

Em relação a natureza dos óbitos, em 2022, 90,7% dos óbitos foram por causas naturais, 6,8% por causas externas e em 2,5% dos casos não foi possível obter a causa. “Como esperado, tendo em vista o aumento atípico da mortalidade em função da pandemia de Covid-19 e a redução que começou a ocorrer em 2022, 99,6% do decréscimo de óbitos, o correspondente a 280.369 mortes a menos, ocorreu entre aqueles registrados como de causas naturais”, diz o IBGE.

Nos óbitos por causas naturais, em 2022, as mortes de homens de 20 a 24 anos de idade eram duas vezes maiores que as mortes das mulheres na mesma faixa etária. Os óbitos por causas externas ou não naturais (homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas acidentais) acometeram especialmente os homens: em 2022, o número de óbitos masculinos dessa natureza (85.195) foi cinco vezes maior que o número de óbitos femininos (16.943).

Comments are closed.