O governo federal anunciou esta semana que inicia ainda este mês uma nova fase de pente-fino nos cadastros dos beneficiários do Novo Bolsa Família. O objetivo é continuar eliminando pessoas que não possuem direito ao benefício, mas que o conseguiram ao burlar dados durante o processo. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), responsável pelo programa, calcula que 10 milhões de famílias precisarão se recadastrar no Bolsa Família por falta de informações, mas a prioridade serão os cerca de 2,5 milhões de benefícios com indícios de fraude no programa. Em agosto, 1,4 milhão de famílias em todo o Brasil tiveram o benefício bloqueado ou suspenso. O MDS não informou quantos beneficiários no Pará tiveram o benefício bloqueado.
A principal preocupação do governo é com os chamados cadastros unipessoais, feitos por famílias formadas por uma única pessoa provedora. Este tipo de cadastro corresponde a cerca de 23% dos beneficiários que recebem o auxílio no país. EsSe tipo de perfil aumentou consideravelmente no governo anterior, passando de 2,2 milhões para 5,9 milhões. Quando o Auxílio Brasil (nome dado ao programa pelo governo Jair Bolsonaro) foi iniciado, os cadastros unipessoais representavam 85% dos novos beneficiários. Essa inclusão maciça resultou em um aumento de 15% para 27% na quantidade de famílias beneficiadas.
Em março, o governo Lula iniciou a primeira revisão. Em abril, fez o bloqueio temporário de 1,2 milhão de benefícios e exigiu recadastramento junto ao CadÚnico. Em junho, estabeleceu regras mais rígidas para os cadastros unipessoais. Parte delas passou a valer em julho. No Pará, de acordo com o levantamento feito junto ao portal de transparência do governo federal, é possível constatar que após o primeiro pente fino, cerca de 20 mil famílias saíram do programa. Em junho, eram 1,35 milhão de famílias no estado. Em julho, o número passou para 1,33 milhão. No entanto, a redução pode não ter relação direta apenas com o pente-fino.
Como será feita a revisão
O governo federal informou que convocará famílias que não atualizam o cadastro desde 2018. A revisão será focada exclusivamente em beneficiários com cadastros desatualizados e as pessoas convocadas deverão entregar a documentação para regularizar a situação junto ao CadÚnico mais próximo de sua residência.