Um grupo de atletas brasileiros presos em Cartum, capital do Sudão, tenta voltar ao país e pede ajuda ao governo brasileiro. Atletas e comissão técnica foram para o Sudão para jogar no clube Al-Merreikhe estão trancados no prédio onde moram por conta do conflito armado no país. Eles relatam uma rotina de medo e até de restrições alimentares por conta da comida que começa a faltar.
“Essa guerra não é nossa. E cada dia que passa é mais apreensão”, disse o jogador Paulo Sérgio, que já atuou no Flamengo.
O atleta tem 33 anos e é carioca. Os 9 brasileiros do time são entre jogadores e comissão técnica. Segundo ele, são 6 pessoas do Rio de Janeiro, uma do Paraná, uma de São Paulo e uma de Minas Gerais.
“A gente não sabe o que vem pela frente, qual é o desenrolar disso. A gente acorda, faz as refeições e passa o dia conversando. A comida começa a acabar. Estamos fracionando. A luz e a internet estão caindo. A gente tenta poupar os dados, mas o nosso medo é ficar incomunicável. A gente não sabe o que vai acontecer”, contou o jogador Paulo Sérgio.
Conflito
O número de pessoas mortas nos combates que começaram há três dias entre o Exército e um grupo paramilitar do Sudão já deixou mais de 200 pessoas mortas. Outras 1,8 mil ficaram feridas.
Pelo menos dois hospitais da capital tiveram de ser esvaziados após serem atingidos por foguetes e balas. Médicos alegam ter ficado sem bolsas de sangue e material para cuidar dos feridos.
O conflito no Sudão envolve o comandante do Exército, general Abdel Fatah al Burhan, líder de fato do país, e seu número dois, o general Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como “Hemedti”, comandante das Forças de Apoio Rápido (FAR).
Em outubro de 2021, eles se juntaram para dar um golpe que tirou os civis do poder.
Na segunda-feira (17), Estados Unidos e Reino Unido pediram o “fim imediato” da violência no Sudão, como já o tinham feito a Liga Árabe e a União Africana. No mesmo dia, um comboio diplomático norte-americano foi alvo de tiros, informou o secretário de Estado, Antony Blinken.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu aos dois generais que “parem imediatamente com as hostilidades”, que podem ser “devastadoras para o país e toda a região”. Um pedido similar foi apresentado pelos chefes da diplomacia do G7, reunidos no Japão.