A poupança amargou perdas de recursos em dez dos 12 meses de 2022 e encerrou o ano com saques R$ 103,237 bilhões maiores que os depósitos, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (5) pelo BC (Banco Central).
O segundo ano consecutivo de saldo negativo da caderneta corresponde à pior captação negativa da série histórica da aplicação, iniciada em 1995. Até então, o ano de 2015 respondia pela maior perda da poupança, de R$ 53,6 bilhões.
Ao longo de 2022, o déficit da aplicação queridinha dos brasileiros é fruto de R$ 3,632 trilhões depositados e R$ 3,755 trilhões retirados da poupança. Com os saques maiores do que as aplicações, a caderneta terminou o ano com saldo de R$ 998,9 bilhões, o menor desde 2019 (R$ 845,5 bilhões).
O saldo negativo no acumulado do ano passado é também quase três vezes (190,8%) maior que o apurado em 2021, quando a aplicação perdeu R$ 35,5 bilhões e teve o primeiro resultado negativo em cinco anos, fruto da aplicação de R$ 3,409 trilhões e do saque de R$ 3,445 trilhões.
Em dezembro, a caderneta fechou o mês no azul pela primeira vez desde maio (+R$ 3,5 bilhões), o que correspondeu à segunda captação positiva da caderneta ao longo de 2022. O desempenho positivo de R$ 6,258 bilhões ocorreu com a aplicação de R$ 346,2 bilhões e a retirada de R$ 352,5 bilhões.
A perda de recursos da poupança pode ser justificada pelo baixo retorno da aplicação frente a outros investimentos que oferecem segurança semelhante. Com a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, a rentabilidade da caderneta equivale a 0,5% ao mês mais o pagamento da taxa referencial, o equivalente a um retorno médio de 6,34% ao ano.
Na prática, se aplicar R$ 1.000 na caderneta, o consumidor terá uma rentabilidade bruta estimada em R$ 88,37 em 12 meses. No mesmo período, o ganho obtido em um título do Tesouro Direto atrelado à taxa Selic é de R$ 137,50.