O dólar avançava mais de 1% nos primeiros negócios desta quinta-feira (29), operando confortavelmente acima de R$ 5,40 à medida que investidores continuavam temendo possível recessão global, enquanto a aproximação do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil colaborava para a cautela. Às 9h06 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,08%, a R$ 5,4072 na venda. Na B3, às 9h06 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,67%, a R$ 5,4090.

Nesta quarta-feira (28), o dólar caiu contra as principais moedas mundiais e os maiores mercados de ações do planeta apresentaram forte alta com a reação de investidores ao anúncio do Banco da Inglaterra, a autoridade monetária do Reino Unido, de que compraria títulos do governo britânico em qualquer quantidade necessária para estabilizar o mercado. A medida freou uma venda descontrolada de títulos da dívida do Reino Unido que derrubou o valor da libra esterlina frente ao dólar nos últimos dias.

A crise que o Banco da Inglaterra tenta aplacar foi desencadeada na semana passada, por um plano de corte de impostos anunciado pelo governo britânico, cujo efeito esperado é aquecer a economia em troca do endividamento do país. Isso passou uma mensagem negativa ao mercado, de que o país está na contramão do combate à inflação. Do outro lado do Atlântico, investidores em busca de segurança correram para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, o que fez o dólar disparar.

O alívio só veio nesta quarta, após o anúncio do banco central britânico. O índice que compara a moeda dos Estados Unidos aos seus principais pares recuou 1,21%, na sua primeira queda em mais de uma semana. No Brasil, o dólar comercial fechou negativo em 0,52%, cotado a R$ 5,35. Libra e euro, que acumulam fortes quedas neste ano contra o dólar, fecharam com altas acentuadas.

A moeda britânica avançou 1,73%, a US$ 1,0861. Essa foi a primeira alta após nove quedas consecutivas. Ainda assim, a perda acumulada neste ano em relação ao dólar é de 17,82%. O euro ganhou 1,25% e foi a US$ 0,9702, na primeira alta da divisa comum europeia após sete sessões em baixa.

Enquanto isso, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos com vencimento em dez anos, referência para o mercado global de juros, recuaram para a casa dos 3,7% após terem rompido a barreira dos 4%. Esse movimento mostra investidores diminuindo ligeiramente suas posições em dólar e procurando outras moedas e ativos excessivamente desvalorizados.

Jaime Valdivia, economista-chefe internacional da Galapagos, comentou que a autoridade monetária britânica precisava colocar dinheiro à disposição do mercado para “evitar movimentos tão abruptos que seriam capazes de desestabilizar o mercado financeiro em geral”, disse.

O banco central britânico também acrescentou que adiará o início de seu programa de venda de títulos, que estava marcado para a próxima semana, reportou a agência Reuters. Os mercados de ações, que apresentaram volatilidade ao longo do dia, terminaram no azul. Na Bolsa de Valores brasileira, o índice Ibovespa subiu apenas 0,07%, aos 108.451 pontos.

Alguns analistas consideraram que o mercado local foi cauteloso devido à aproximação da votação do primeiro turno das eleições e, por isso, não embarcou no otimismo de Wall Street. Em Nova York, o índice parâmetro S&P 500 saltou 1,97%. Dow Jones e Nasdaq ganharam 1,88% e 2,05%, respectivamente. (Folhapress)

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