A China recusou na semana passada o projeto da segunda fase da investigação promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para determinar as causas da pandemia de Covid-19. A próxima etapa inclui a hipótese de que o vírus possa ter escapado de um laboratório chinês – o que Pequim continua a rejeitar, informa um integrante da cúpula sanitária do país.

A OMS apresentou o plano de investigações para a segunda fase de seus estudos, prevendo auditorias de laboratório e mercados públicos na cidade de Wuhan e pedindo transparência das autoridades chinesas. Mas a recepção não foi boa. “Não aceitaremos um plano de rastreamento das origens porque, de certa forma, ele é desrespeitoso ao bom senso e arrogante em relação à ciência”, disse Zeng Yixin, vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde da China.

Ele acrescentou ter ficado “surpreso” quando leu a proposta pela primeira vez, já que o texto evoca a hipótese de violação dos protocolos sanitários de laboratório, o que poderia ter provocado a fuga do vírus durante pesquisas científicas. “Esperamos que a OMS examinará seriamente as considerações e sugestões dos especialistas chineses e que ela tratará realmente a investigação da origem do vírus Covid-19 como uma questão científica, se livrando de toda interferência política”, declarou o vice-ministro.

Pequim rejeita tese defendida por Trump

Na semana passada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, propôs fazer “controles dos laboratórios ou estabelecimentos de pesquisa ativos na região onde foram identificados os primeiros casos [de Covid-19], em dezembro de 2019”, em referência à cidade chinesa de Wuhan, o primeiro epicentro da pandemia.

Em 31 de dezembro de 2019, Pequim revelou à Organização das Nações Unidas (ONU) a existência de um surto de casos de pneumonia em Wuhan. O país combate vigorosamente a teoria de que a Covid-19 possa ter se originado em um de seus laboratórios, principalmente o Instituto de Virologia de Wuhan, e se espalhado devido a um vazamento.

Um dos responsáveis pelo instituto, Yuan Zhiming, disse nesta quinta-feira que “não houve vazamento” ou “acidente” no estabelecimento. Esta tese foi promovida pelo ex-presidente americano Donald Trump, mas, nas últimas semanas, a teoria ganhou nova força no Ocidente, inclusive na comunidade científica.

China acusa os EUA

Em resposta, as autoridades chinesas regularmente apontam para o laboratório de Fort Detrick, nos Estados Unidos, como possível local de origem da Covid-19.

Localizado próximo a Washington, esse laboratório está no centro da pesquisa americana sobre o bioterrorismo. De acordo com o jornal Global Times, ligado ao Partido Comunista da China, 5 milhões de internautas chineses assinaram uma petição para abrir uma investigação sobre Fort Detrick.

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