O blecaute da linha de transmissão de Belo Monte que deixou 70 milhões de pessoas sem energia no mês passado durou apenas algumas horas, mas seus estragos no setor elétrico continuarão a ser sentidos por um bom tempo. O ‘Estado’ apurou que o apagão do dia 21 de março que atingiu as Regiões Norte e Nordeste causou uma pane generalizada nas turbinas da hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, uma das maiores usinas leiloadas na última década no País, deixando fora de operação uma estrutura com capacidade de entregar energia para 4 milhões de pessoas.
Com oito turbinas e potência de 1.087 megawatts, Estreito vinha funcionando em seu pico de produção, por causa do grande volume de água no Rio Tocantins nesta época do ano. O blecaute, porém, causou danos físicos nos equipamentos da usina, que ficou semanas desligada. Nos últimos dias, engenheiros conseguiram colocar duas máquinas para funcionar novamente, mas os reparos só deverão ser efetivamente concluídos entre o fim de maio e início de junho.
Em uma nota técnica sobre o episódio, documento ao qual a reportagem teve acesso, a empresa Engie, principal acionista de Estreito, afirmou que, “durante a perturbação sistêmica, as unidades geradoras sofreram excessiva oscilação de potência” e chegaram a atingir aproximadamente duas vezes a sua capacidade de produção. Na prática, as máquinas continuaram a gerar energia durante o apagão, mas ficaram sem meio de distribuí-la por causa da queda na linha de transmissão.
A empresa reconheceu ainda que, por causa dessa situação, ocorreram “severas vibrações nas unidades geradoras e nas estruturas civis” da hidrelétrica. Sem ter como entregar energia, Estreito entrou praticamente em curto-circuito.
Procurada pelo Estado, a Engie confirmou todas as informações. Por meio de nota, a empresa informou que “a usina hidrelétrica Estreito foi desligada em função do incidente no Sistema Interligado Nacional, ocorrido no dia 21/3, que provocou uma grande oscilação do sistema”.
De acordo com a empresa, “a usina foi, portanto, impactada por uma causa externa, mas não correu nem corre riscos e suas estruturas não foram afetadas”. “Graças ao trabalho dedicado das equipes de manutenção e engenharia da usina, duas turbinas já estão de volta à operação. As outras deverão voltar a operar entre abril e maio, antecipando os prazos previstos”, informou. (Estadão Conteúdo)

Siga o MA+ no Facebook — Envie sua informação para o WhastApp (98) 98434-6482

Leave A Reply