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Prestes a concluir dois inquéritos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o delegado da Polícia Federal (PF) que coordena as investigações da operação Lava Jato, Igor Romário de Paula, afirma que o “timing” para prender o petista pode aparecer nos próximos dois meses. “Não acho que a gente perdeu o timing. Esse timing pode ser daqui a 30 dias, daqui a 60 dias”, disse o delegado em entrevista divulgada nessa sexta-feira (27) pelo portal Uol.

“Os requisitos para uma prisão preventiva são bastante objetivos. Lá atrás, na 24ª fase da Lava Jato, quando houve a representação do Ministério Público (pela condução coercitiva de Lula, em março), não existiam os requisitos para um pedido de prisão do ex-presidente”, afirmou De Paula.

A declaração contradiz o delegado federal Maurício Moscardi Grillo, que, em entrevista à revista “Veja” publicada há duas semanas, disse que a Polícia Federal havia “perdido o timing” para prender o ex-presidente.

“Não (concordo). O timing pode ser daqui a pouco. Não vejo nem perda de tempo nem condescendência com o fato de se tratar de um ex-presidente. Esse timing pode ser mais para frente, pode não ser aqui, pode aparecer nas investigações que acontecem em Brasília”, afirmou De Paula. Ele disse acreditar que em 30 dias os inquéritos sobre o sítio de Atibaia e sobre as palestras feitas pelo ex-presidente Lula estarão concluídos.

Ele afirmou que não há interesses internacionais na Lava Jato e que a operação não atrapalha a economia. “Dizer que há interesses internacionais é absurdo, não há nenhum fundamento. Dizer que a Lava Jato prejudica a economia brasileira é você botar a culpa na pessoa que encontrou o corpo em uma cena de homicídio”, declarou De Paula.

Defesa – O advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Martins, divulgou nota nessa sexta-feira (27) afirmando que vai acionar judicialmente o delegado Igor Romário de Paula por causa da entrevista concedida ao Uol.

“(…) a forma como o delegado federal Igor Romário de Paula se dirige ao ex-presidente Lula é incompatível com o Código de Ética aprovado pela Polícia Federal e com a proteção à honra, à imagem e à reputação dos cidadãos em geral, assegurada pela Constituição Federal e pela legislação infraconstitucional”, afirma a nota.

A defesa do ex-presidente voltou a afirmar que a atitude evidencia uma possível perseguição da operação Lava Jato contra Lula.

Governo entrega defesa à ONU e diz que processo é imparcial

Genebra, Suíça – O governo brasileiro entregou à ONU sua defesa no caso envolvendo o ex-presidente Lula. Nos documentos fornecidos nessa sexta-feira (27) às Nações Unidas, em Genebra, as autoridades nacionais afirmam que o ex-presidente tem tido um processo “imparcial”, com seus direitos de defesa garantidos.

Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, os documentos foram entregues ao Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos que, nos próximos meses, avaliará a resposta.

Em julho de 2016, os advogados de Lula acusaram o juiz Sergio Moro de não estar sendo imparcial e apontaram que os direitos do ex-presidente estavam sendo ameaçados no Brasil. Assessores da ONU confirmaram que, agora, a entidade vai avaliar o mérito da queixa e sua admissibilidade.

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