O presidente interino da República, Rodrigo Maia, disse à Folha que o “Brasil tem outras prioridades neste momento de grave crise econômica e não é adequado, agora, discutir a sucessão da Câmara dos Deputados”.
Segundo ele, o foco da Câmara hoje deve estar na votação em segundo turno do teto dos gastos e concluir a do projeto que tira a obrigatoriedade da Petrobras de ser a operadora única do pré-sal.
“A gente não pode correr o risco de debater um tema [eleição da Câmara] que não é de hoje e colocar em risco a recuperação da economia do país”, afirmou Rodrigo Maia, que é presidente da Câmara dos Deputados e ocupa interinamente a Presidência da República com a viagem do presidente Michel Temer à Índia e ao Japão.
Maia fez os comentários ao avaliar articulações que estão sendo feitas pelos partidos que integram o “centrão”, PP, PSD, PTB e PR, na busca de tentar eleger um de seus parlamentares para suceder o atual presidente da Câmara.
O “centrão” tenta atrair o PMDB para suas articulações, com o argumento de que os peemedebistas não deveriam fechar com o PSDB, que deseja eleger o novo presidente da Câmara em fevereiro do próximo ano. Na avaliação de deputados do “centrão”, o PMDB não deve fortalecer os tucanos, porque eles serão adversários dos peemedebistas na eleição presidencial em 2018.
Rodrigo Maia diz que antecipar o debate sobre a eleição da Câmara pode prejudicar o clima dentro da base aliada, pondo em risco as votações de interesse do governo e do país, principalmente a do teto dos gastos públicos, que o presidente interino considera essencial para tirar o país da crise econômica.
“Vamos deixar isto para depois, vamos pensar no país e, aí, podemos discutir tranquilamente as questões do Parlamento”, afirmou Rodrigo Maia, no gabinete presidencial, sentado no sofá. Ele diz que não senta na cadeira da mesa presidencial em respeito ao titular, Michel Temer.
Na mesma linha, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) disse à Folha que “não tem sentido” discutir a eleição para presidente da Câmara agora. “Não tem lógica, não é o momento e, pelo menos conosco, ninguém irá discutir isto”, afirmou.
O ministro articulou para que um jantar organizado na segunda-feira (17) à noite por deputados do “centrão” não se transformasse numa discussão antecipada da eleição da Câmara. Ele conversou com deputados do PMDB, que foram convidados para o evento, e disse que eles só deveriam ir se a pauta do jantar não fosse a sucessão de Rodrigo Maia, porque isto não é do interesse do governo neste momento. (Folha de S. Paulo)