Assim como a ausência de vitaminas pode prejudicar o funcionamento do organismo, o excesso delas também pode levar a sintomas semelhantes aos da escassez. O principal risco, diz a nutricionista, é sobrecarregar o fígado – considerado o “maestro do corpo”, pois tudo passa por ele –, além de levar a um desconforto intestinal.
Além desses efeitos colaterais comuns às diferentes doses exageradas, cada composto, se ingerido em excesso, pode levar a reações específicas. No caso da vitamina C, por exemplo, o excesso “pode provocar não só cálculos renais, mas distúrbios gastrointestinais e incômodo na bexiga, porque acidifica a urina e provoca irritação”.
Estudo científico realizado com betacaroteno, um precursor da vitamina A, para prevenir câncer de pulmão em fumantes, apontou que seu consumo fez crescer o número de casos da doença nos usuários. Outra pesquisa, feita com mais de 35 mil pessoas e publicada no “Journal of the National Cancer Institute”, visava investigar se a suplementação de selênio e vitamina E era capaz de prevenir o câncer de próstata, mas teve que ser interrompida antes do previsto. Os resultados preliminares apontaram que a vitamina E aumentava o risco de câncer de próstata, em até 63%, e o selênio também não tinha qualquer efeito protetor.
“As pessoas não só perderam a mão por comprar suplementos na farmácia e usar sem prescrição, mas também porque o mercado tomou conta e transformou num produto. Eles têm a mesma comprovação científica de uma garrafada”, diz.
Por isso, Lima garante que os “multivitamínicos são uma mina de ouro, um desperdício de dinheiro”. “Não tenho a menor dúvida de que é placebo, não faz o menor sentido”, garante.
Ingestão – As vitaminas são extremamente importantes, pois contribuem para vários processos químicos no organismo e, por isso, precisam ser mantidas em bons níveis. Pelo consumo de alimentos naturais, uma “overdose” não é possível. Isso poderia acontecer no caso de uma grande ingestão de suplementos vitamínicos. Mesmo assim, é difícil determinar a partir de qual quantidade seria uma superdosagem.
Virou produto
“Temos um mercado sem regulação, que ninguém fiscaliza, e as empresas não são obrigadas a provar o que acontece, pois vitamina não é considerada remédio, ou seja, vende em qualquer canto e fica por isso mesmo. A boa alimentação é sempre a melhor opção.”
Rodrigo Lima – Diretor da Sociedade Brasileira de medicina de família e Comunidade