Por: Paloma Oliveto – Quando se fala em poluição do ar, a maioria das pessoas pensa nas substâncias emitidas por carros e fábricas. Porém, o perigo também está dentro de casa. Encontrados em tintas de parede e de impressoras, móveis, produtos de limpeza e até em roupas, os chamados compostos orgânicos voláteis (COVs), como acetona, benzeno e formaldeído, são emitidos de forma gasosa e, quando inalados, causam efeitos adversos à saúde. Podem provocar desde problemas passageiros, como tontura, até condições mais graves, incluindo alguns tipos de câncer.
Infelizmente, ressaltou o especialista, existe muita poluição atmosférica nos ambientes internos. “Na verdade, os estudos mostram que a concentração de alguns desses poluentes é de três a cinco vezes maior dentro de casa, e a razão disso é que eles vêm de produtos que temos em casa ou nos escritórios, como tinta, carpetes e impressoras”, continuou.
Sintomas
De acordo com Niri, inalar quantidades grandes desses produtos pode levar algumas pessoas a desenvolver a síndrome do edifício doente, o que reduz a produtividade e pode causar tontura, asma e alergia. Esse mal é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados”.
A solução mais comum para combater os compostos orgânicos voláteis é instalar sistemas de ventilação que removem o ar para o lado de fora. Existem também métodos para removê-los, usando absorção, condensação e reações químicas. Contudo, Niri estuda uma ferramenta simples e barata para eliminar as substâncias: o uso de plantas para retirar produtos químicos do ar de ambientes internos, processo chamado biofiltração ou fitoremediação. Além do dióxido de carbono, as plantas absorvem gases como benzeno, tolueno e outros tipos de COVs.
O químico contou que, pesquisando o assunto, encontrou um estudo de 1984 da agência espacial americana, a Nasa, segundo o qual as plantas podem absorver tais compostos por meio das folhas e raízes. Desde então, outros pesquisadores investigaram como as espécies remediam os efeitos de substâncias específicas, como o formaldeído, um agente carcinogênico, em espaços fechados.
“O motivo disso não é completamente conhecido, mas há muitas hipóteses, algumas baseadas na fotossíntese. A planta absorve o CO2 e o degrada em outros químicos. Basicamente, ele vai para o ciclo de carbono”, disse Niri. De acordo com ele, a maior parte dos estudos sobre a biofiltração foca a remoção de um tipo de COV por uma espécie de planta. Contudo, o químico quis comparar a eficiência e a taxa de limpeza simultâneas de vários compostos por diversas plantas.
Testes – Para isso, ele construiu uma câmara selada contendo concentrações específicas de diversos COVs. Então, monitorou a circulação dos compostos ao longo de diversas horas com e sem a presença de plantas no interior da engenhoca. Para cada espécie, ele anotou qual COV a planta remove, o tempo que leva para retirá-lo do ar e o quanto das substâncias químicas foi eliminado, no fim do experimento.
A equipe de Niri testou cinco tipos comuns de plantas cultivadas dentro de casa na região de Nova York, onde mora. Essas espécies também são comuns no Brasil: planta-jade (Crassula argentea), planta-aranha (Crassula argentea), bromélia-estrela-escarlate (Guzmania lingulata), cactus-do-caribe (Consolea falcata cactus) e dracena (Dracaena fragrans). Os pesquisadores descobriram que a bromélia consegue remover mais de 80% de seis dos oito compostos em um período de 12 horas — foi a mais eficiente de todas.