A decisão do presidente em exercício, Michel Temer, de aumentar a importação de feijão, cujo preço no Brasil está disparado, pode ter pouco efeito sobre a inflação geral. Isso porque, ressaltou Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o produto mais demandado internamente, o tipo carioca, normalmente não é encontrado para importação.

Diante disso, o economista acredita que o abrandamento nos preços pode ser observado apenas em outros tipos de feijão, mas que têm uma demanda menor. “Pode dar um alívio nos demais, mas não exatamente naquele que está subindo mais (o carioca)”, disse.

Para baixar de forma mais significativa, só se o consumidor trocar o feijão carioca por uma outra espécie com valor mais em conta. “Claro que alivia, mas só se deixar de comprar o que tem preço mais elevado”, reforçou.

No IPC-S da terceira quadrissemana – últimos 30 dias terminados anteontem –, a variação do feijão carioca foi positiva em 29,26%, enquanto a do feijão preto atingiu 6,08%. Devido à oferta menor em razão de problemas de safra, o preço do produto tende a avançar ainda mais, segundo analistas.

Imposto zerado. O Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou ontem a suspensão da cobrança da alíquota de importação de feijão, de qualquer país, por um período de 90 dias. Com a inclusão na lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC), o Imposto de Importação, que era de 10%, foi a 0%.

A decisão vale para países de fora do Mercosul pois, para as nações do bloco, a tarifa de importação do produto já estava zerada. O Brasil já importa feijão, mas em pequena quantidade. De acordo com o Ministério da Agricultura, a importação anual soma cerca de 150 mil toneladas, o equivalente a 15 dias de consumo no país, em média.

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