O velho carnê está ganhando força como meio de pagamento. Com a crise, os bancos que operam os cartões ficaram mais seletivos na aprovação do crédito.
O avanço do desemprego também piorou o quadro. Sem ter como comprovar a renda, o trabalhador informal tem dificuldade para obter crédito bancário.
Em junho, cresceram 24% as vendas parceladas no carnê ou boleto em relação ao mesmo mês de 2015 entre os varejistas clientes da MultiCrédito, empresa que faz análise de crédito para cerca de mil estabelecimentos.
“O carnê permite que a loja tenha uma linha de crédito com limites determinados por ela, fideliza o cliente e pode gerar novas vendas quando ele vem pagar a prestação”, explica o vice-presidente da MultiCrédito, Flávio Vaz Peralta.
Em junho, o número de lojas que procurou esse serviço aumentou 22% em relação ao mesmo mês de 2015. Nas oito lojas da Óticas Diniz em Osasco e Carapicuíba (SP), por exemplo, a fatia do carnê no faturamento da empresa dobrou no primeiro semestre deste ano em relação a 2015.
Calote
O incentivo ao uso do carnê num momento de crise é uma saída arriscada. O crediário é hoje o principal meio de pagamento que levou o consumidor à inadimplência e ultrapassa o cartão de crédito como motivo de calote. Isso é o que mostra pesquisa da Boa Vista SCPC. Em junho, 42% dos inadimplentes em São Paulo apontaram o carnê como o meio que levou ao calote, seguido pelo cartão de crédito, com 30%.