O Brasil tem atrações turísticas para todos os gostos, mas não consegue explorar o seu potencial a ponto de atrair um número significativo de estrangeiros. Mesmo com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, a receita internacional com turismo é de apenas 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), menor do que a do Iraque, devastado pela guerra, e de países emergentes, aponta levatntamento do banco de investimentos Renaissance Capital, com foco nos mercados de nações em desenvolvimento.

Índia e Rússia também têm problemas de desempenho, diz o estudo, e ainda assim geram mais receita que o Brasil: 1% e 0,6% do PIB, respectivamente. A distância dos principais centros emissores de turistas é uma justificativa para a pífia performance brasileira na área, porém não a única. Para os especialistas, o Brasil é caro demais, mesmo para estrangeiros de países ricos, sobretudo pelo baixo nível de serviços que oferece, basicamente focado em belezas naturais e sem grandes investimentos turísticos.

Além da contribuição para o PIB ser mínima, dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) mostram que haverá retração no setor em 2016. “De acordo com a revisão semestral dos nossos números, a queda do setor de viagens e turismo no Brasil foi ampliada de 0,9% para 1,6%, apesar do efeito positivo dos Jogos Olímpicos, por conta da turbulência política e do fraco desempenho macroeconômico”, diz a instituição.

A Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) admite o percentual de 0,3% do PIB com receita internacional, que deve alcançar US$ 7 bilhões em 2016. O presidente da entidade, Vinícius Lummertz, ressalta, no entanto, que, ao englobar a movimentação interna, a participação do setor passa para 3,7%, com geração de mais de 3 milhões de empregos. “Se considerarmos o setor expandido, que agrega segmentos indiretos, a contribuição é de 9% com geração de 8 milhões de postos de trabalho”, diz.

A Embratur estima que o ano feche com a visita de 6,6 milhões de turistas estrangeiros, 4,7% acima dos 6,3 milhões que estiveram no país em 2015. Para se ter uma ideia, Cancún recebe 8 milhões de visitantes por ano. “A participação do turismo é relevante se considerarmos a movimentação interna. No internacional, de fato é baixo. Nossa contribuição é de apenas 0,5% no PIB do turismo mundial. Mas o volume internacional cresceu 60% de 2003 a 2014. Antes o Brasil era um país muito fechado”, afirma Lummertz.

Baixo investimento

Para o presidente da estatal, os números são resultado do baixo investimento no setor. No ano passado, o Brasil gastou US$ 17 milhões em promoção no exterior, enquanto o México investiu US$ 400 milhões e a Colômbia, US$ 100 milhões. A Embratur participava de 65 feiras por ano; neste ano, foram 15. “O Ministério do Turismo tem o segundo orçamento mais baixo da Esplanada”, acrescenta.

Também há o entrave dos vistos. O Brasil retirou a obrigatoriedade para canadenses, australianos e americanos durante as Olimpíadas, porque são países que não oferecem riscos migratórios. “Mas a exigência voltou em 19 de setembro, apesar de termos pedido a extensão por mais um ano”, lamenta.

Em matéria de vistos, o WTTC propõe que os governos tomem decisões políticas que conciliem a segurança de seus cidadãos com a facilitação de entrada de estrangeiros para fins comerciais e de lazer. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), 61% dos 1,2 mil milhão de viajantes internacionais registrados em 2015 precisaram solicitar vistos tradicionais, envolvendo manual de preenchimento de formulários e filas nos consulados. Mais um obstáculo que impede o setor de crescer. (Por  Simone Kafruni)

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