A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) aprovou uma greve da categoria e um pedido de renúncia de Anderson Torres do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
A decisão foi aprovada em assembleia extraordinária realizada segunda (2) e terça-feira (3), após a categoria não receber resposta positiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a reestruturação das carreiras policiais da União, que resultaria em aumento salarial bem acima dos 5% anunciados para todos os servidores públicos federais.
“Entre os pontos aprovados pelos delegados de Polícia Federal está a realização de paralisações parciais e progressivas, cujo calendário será definido em conjunto com as demais categorias da Polícia Federal”, informa nota divulgada pela ADPF.
Já no caso do pedido de renúncia de Anderson Torres, que é delegado da PF, os colegas de instituição alegaram “desprestígio e desrespeitoso tratamento dado pelo presidente da República à Polícia Federal e ao próprio ministro”.
Foram aprovadas, ainda, ações de mobilização e conscientização da população durante as atividades administrativas, como controle imigratório, de armas, de produtos químicos e segurança privada, realizadas pela PF.
“Ademais, ficou decidido pela categoria que os associados poderão entregar cargos de chefia e recusar convites para assumir novos postos”, ressalta a nota da ADPF, que traz uma série de ataques ao presidente Bolsonaro.
Confira a íntegra da nota da ADPF:
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) informa que foram aprovadas, em Assembleia Geral Extraordinária realizada entre os dias 2 e 3 de maio, medidas propostas pela categoria como resposta ao posicionamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, de não promover a reestruturação das carreiras policiais da União, conforme havia prometido.
Entre os pontos aprovados pelos Delegados de Polícia Federal está a realização de paralisações parciais e progressivas, cujo calendário será definido em conjunto com as demais categorias da Polícia Federal.
Foram aprovadas, ainda, ações de mobilização e conscientização da população durante as atividades administrativas, como controle imigratório, de armas, de produtos químicos e segurança privada, realizadas pela PF.
Os Delegados de Polícia Federal aprovaram ainda o pedido de renúncia do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública ao Delegado de Polícia Federal Anderson Gustavo Torres pelo desprestígio e desrespeitoso tratamento dado pelo presidente da República à Polícia Federal e ao próprio ministro.
Ademais, ficou decidido pela categoria que os associados poderão entregar cargos de chefia e recusar convites para assumir novos postos.
A ADPF reforça a gravidade do momento e do posicionamento do presidente da República, que, depois de se comprometer publicamente e já com orçamento reservado para a reestruturação das carreiras, decidiu não honrar com a própria palavra, gerando um clima de revolta e insatisfação generalizada nunca antes visto entre os servidores da PF.
A entidade continuará alertando à sociedade que a desvalorização dos Policiais Federais implica, diretamente, no enfraquecimento do combate à corrupção e ao crime organizado.
É vergonhoso, sobretudo em um governo que se dizia pautar pela segurança pública o atual estágio a que estão submetidos os policiais, com significativas perdas como: desamparo a família do policial morto em serviço; redução real do salário, ante o aumento da alíquota da contribuição previdenciária; trabalho em regime de sobreaviso NÃO remunerado ou compensado; diárias cujos valores não pagam todos os gastos do policial com hospedagem, alimentação e transporte durante a missão, tendo o servidor que custear o restante com o próprio salário; ausência de profissionais capacitados para dar apoio psicológico aos servidores (há 12 psicólogos em toda a polícia federal para atender 12 mil policiais), quando a Polícia Federal possui um dos maiores índices de licença por transtornos psicológicos, incluindo suicídios, em toda a esfera federal.
É importante destacar que a segurança pública foi a MAIOR bandeira de campanha do governo Bolsonaro e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente como instrumento de marketing para a sua reeleição. Os policiais federais merecem respeito. Investir em Segurança Pública é investir em seu principal ativo: o policial.
Na Polícia Federal aprendemos desde cedo os valores da ética, da palavra e da honra. Esperamos que esses valores também sejam compartilhados por todos os integrantes do Governo Federal.
Continuaremos coesos na busca pelo cumprimento da palavra empenhada.”