Cada vez mais a medicina avança para garantir que não somente as mulheres, mas também os homens possam fazer uso da pílula anticoncepcional. Um novo medicamento, chamado 11-beta-MNTDC, passou pela fase 1 de testes – etapa na qual a droga foi testada pela primeira vez em humanos para detectar o grau de segurança e efeitos colaterais – e foi capaz de baixar a produção de espermatozoides de 40 homens saudáveis sem diminuir a libido.
A ação
O contraceptivo oral masculino testado pelos pesquisadores da Universidade de Washington contêm uma testosterona modificada, que combina as ações de um hormônio masculino, o androgênio, e a progesterona, hormônio feminino.
O androgênio ajuda a neutralizar as quedas dos níveis da testosterona no organismo masculino. Já a progesterona bloqueia a produção dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH), que ajudam na produção do esperma e da testosterona.
“Os nossos resultados sugerem que esse comprimido, que combina duas atividades hormonais em uma só, diminui a produção de espermatozoides mantendo a libido”, afirmou uma das pesquisadoras, Christina Wang, em comunicado oficial à imprensa.
Os testes
Quarenta homens participaram dessa fase do experimento. Desses, 14 receberam doses de 200 mg e 16 receberam doses de 400 mg. Outros dez receberam placebo (comprimido sem o medicamento). As doses dadas diariamente ao longo de quatro semanas.
Os homens que ingeriram o 11-beta-MNTDC mostraram queda no nível de testosterona. Além disso, os níveis de dois hormônios necessários para a produção de esperma caíram drasticamente em relação aos homens que tomaram o placebo.
Agora, os pesquisadores planejam estudos mais longos. Se a pílula for eficaz, ela passará para estudos maiores e, depois, para testes em casais sexualmente ativos.
Os mesmos pesquisadores também estão experimentando outro anticoncepcional oral, um “composto-irmão”, chamado de DMAU. O objetivo é encontrar a fórmula com menos efeitos colaterais e mais efetividade.
No mercado em dez anos
Os pesquisadores do estudo acreditam que contraceptivos masculinos seguros e com efeitos reversíveis estarão disponíveis no mercado em cerca de dez anos. No entanto, apesar dos resultados positivos, os pesquisadores da Universidade de Washington (EUA), responsáveis pelo experimento, ainda devem enfrentar grandes desafios.
“Qualquer pílula anticoncepcional masculina deve ser capaz de zerar a quantidade de espermatozoides produzidos ou deixá-la a um nível baixíssimo. O maior obstáculo, nesse sentido, está na ausência de efeitos colaterais e no tempo, porque a produção de esperma só se inicia dois meses após o fim da ação do produto no organismo”, afirma o urologista Marcelo Vieira, coordenador de reprodução do Departamento de Sexualidade e Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Os cientistas americanos previram essas dificuldades. Durante o processo, os participantes relataram fadiga, acne e dores de cabeça, mas não tiveram efeitos colaterais sérios.
Segundo a principal pesquisadora do estudo, Christina Wang, como a droga levaria pelo menos de 60 a 90 dias para afetar a produção de espermatozoides, 28 dias de tratamento – tempo usado no estudo – é um intervalo muito curto para observar uma ótima supressão das células sexuais. (Por Thuany Motta)
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