O caso envolvendo a transferência do atacante Fred para o Cruzeiro teve um novo capítulo nesta terça-feira (11), mas parece que não será o último. A Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), ligada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), considerou legal o acordo entre o Atlético e o jogador de que, se ele fosse para a Raposa, uma multa de R$ 10 milhões teria que ser paga ao alvinegro. Portanto, os atleticanos agora são credores dos cruzeirenses.
No entanto, o Cruzeiro não vai simplesmente pagar a multa. O vice-presidente de futebol, Itair Machado, já declarou que o clube, caso perdesse o duelo na CNRD, iria levar o caso para a Justiça do Trabalho.
“A gente sabe que hoje o Atlético tem o ex presidente da Federação (Castellar Neto) como vice-presidente da CBF, e a gente sabe que lá na CBF, onde envolve aquilo ali, é difícil de ganhar. Existe muito lobby por trás. Mas eles têm que saber que a Justiça do Trabalho é séria e não tem lobby. Na Justiça do Trabalho, ninguém vai aceitar voltar a escravidão, principalmente no nosso futebol”, disse ao GloboEsporte.com.
Em entrevista à rádi oSuper 91,7 FM, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, que também é advogado, afirma que, caso a Raposa busque a Justiça do Trabalho, a situação ficará pior para o clube celeste.
“Existe ainda um recurso para um tribunal arbitral superior, mas dificilmente isso vai ser revertido. É uma questão muito técnica: eles teriam que apontar algum defeito, alguma questão legal que não teria sido observada por ocasião desta decisão. Acho difícil reverter. A argumentação que estou vendo nos jornais, não estou dizendo que alguém do Cruzeiro falou, mas se eles forem buscar alguma coisa na Justiça do Trabalho, a coisa vai ficar pior para eles”, enfatiza.
O presidente alvinegro refutou os argumentos da Raposa de que a multa seria para impedir o atleta de jogar.
“Nós não impedimos, em momento nenhum, o atleta de se transferir para o Cruzeiro. Nós apenas colocamos uma condicionante. Era uma situação que já estava toda desenhada dele ir para o Flamengo. No último minuto, na hora de assinar o contrato, o procurador dele me pediu para tirar essa cláusula e aí eu disse: Por que? Eu só estava liberando o jogador porque o executivo do Flamengo me passou as condições e tudo mais. Até havia um jogador deles (Flamengo) que viria e depois nós desistimos”, disse.
“Foi bem transparente, eles (Fred e o seu representante) aceitaram. Tanto que, depois, ele esteve no Cruzeiro e explicou toda a situação. O Cruzeiro assinou um monte de documentos ciente do que tinha acontecido. Depois eles simplesmente queriam negar que aquilo havia ocorrido e passaram a usar outros argumentos para não querer pagar a multa”, completa Sette Câmara.
No fim da tarde, o Atlético divulgou uma nota oficial sobre a vitória na CNRD, ressaltando que o atacante Fred, seus agentes e advogados assinaram e concordaram com o valor a ser pago caso ele fosse para o Cruzeiro.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo Galo:
O CLUBE ATLÉTICO MINEIRO comunica que recebeu hoje da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), decisão que considerou válido e legal o acerto contratual que fixou multa de dez milhões de reais entre o Atleta Fred e o ATLÉTICO (contrato firmado em 18.12.2017), ao tempo da antecipação do termo final de seu Contrato de Trabalho Desportivo.
A Corte Arbitral confirmou o direito do ATLÉTICO ao recebimento dos dez milhões de reais, devidamente corrigidos, além de honorários advocatícios fixados em 5% (cinco por cento) sobre o benefício econômico obtido pelo ATLÉTICO.
Importante realçar que o acordo para rescisão contratual antecipada realizado entre o jogador Fred e o ATLÉTICO foi discutido e livremente aprovado e assinado pelo atleta Fred, em negociações que foram devidamente acompanhadas por seus agentes e advogados, os quais também subscreveram o acordo contratual.
Além disso, o jogador Fred e seu atual clube ratificaram por mais de uma vez os compromissos documentais e públicos de que honrariam os contratos por eles assinados, razão pela qual, diante do calote de que o ATLÉTICO foi vítima, outra medida não restou senão o acionamento da Câmara Arbitral para a adoção das medidas contratuais e legais cabíveis.
O ATLÉTICO parabeniza a brilhante atuação de seus advogados, que se pautaram com inteligência e competência, tanto na defesa do Clube quando da redação dos termos contratuais realizados em dezembro/2017, quanto, especialmente, na atuação no processo instaurado perante a CNRD.

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