O segundo debate entre os candidatos à Presidência da República teve menos duelos entre os concorrentes e estratégias mais bem definidas de todos os que buscam a presidência da República. Mais uma vez, Henrique Meirelles foi quem mais apanhou, por conta dos resultados da economia, de seu partido, dos governos dos quais participou e da presença no comando de bancos pelo mundo.
Candidato do governo, embora rejeite isso oficialmente, Henrique Meirelles focou todas as suas respostas em defender a experiência e a característica técnica necessária para uma equipe que enfrentará os problemas do Brasil. Tentou, com isso, passar a ideia de que não é político. Não esqueceu, porém, de tentar buscar o eleitorado lulista. Em quase todas as suas intervenções lembrou que foi escolhido por Lula para o ministério. Estrategicamente, não citou Temer, que é de seu partido.
Ciro Gomes e Geraldo Alckmin protagonizaram vários debates relacionados às diferenças que têm em política econômica. Ambos divergem em praticamente tudo, e a estratégia dos dois foi realçar essas diferenças. Ciro é contra a reforma da Previdência e a PEC dos gastos. Alckmin pensa exatamente o contrário. Eles concordaram com a necessidade de uma reforma tributária, mas apontaram suas próprias visões. Foram os dois candidatos que mais usaram seu tempo para tratar do que realmente pensam sobre propostas. Mas foram bastante técnicos, o que certamente dificultou a compreensão dos telespectadores. Ciro atacou mais e Alckmin precisou ficar na defesa.
Jair Bolsonaro explorou muito as questões morais e de costumes. Em dobradinha com Cabo Daciolo, falou o que seu público está acostumado e gosta de ouvir: contra a liberação do aborto, a legalização das drogas e as políticas que debatem gênero nas escolas. Completou suas participações com críticas ao sistema político. Se atrapalhou muito ao ser perguntado sobre política macroeconômica. Parou, pensou e não conseguiu responder o que era perguntado, preferindo mudar de assunto.
Guilherme Boulos, diametralmente oposto ideologicamente a Bolsonaro, foi em linha semelhante ao criticar o sistema político. Porém, preferiu atacar privilégios da classe política, do Judiciário e do Ministério Público. Foi mais duro nas perguntas, principalmente a Henrique Meirelles, e tentou encarnar o franco atirador das eleições.
Alvaro Dias usou praticamente todas as suas respostas para falar de combate à corrupção. O senador parece querer ser reconhecido como o candidato da Lava Jato, surfando no apoio dos que defendem a apuração. Até ao falar de emprego ele aproveitou para enfatizar o combate aos desvios de verbas públicas.
Marina Silva voltou às origens ao falar muito de questões ambientais e de sustentabilidade. Destacou a importância de energias alternativas e do uso do turismo como gerador de empregos, em alternativa à busca pela grande industrialização. No fim, teve um duelo mais acalorado com Bolsonaro. Chegou a tentar interrompê-lo e acusou-o de promover a violência. Foi seu ponto alto, pois driblou a imagem de fragilidade para reagir com firmeza à confrontação do adversário.
Cabo Daciolo, por sua vez, fez do debate uma pregação religiosa. Deu a Jesus Cristo a solução para os problemas do Brasil. Carregou a bíblia para o centro do palco e, nas poucas vezes em que não falou de Deus, tratou de questões relativas à segurança pública, principalmente nas fronteiras. Não teve o mesmo destaque do primeiro debate justamente por não ser mais novidade para ninguém.

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